Eu nunca tive problema em falar minha idade independente de quem estivesse perguntando. Nunca vi idade como um “tabu”…e agora estou com 38, mas já tinha decido que não vou congelar meus óvulos! Vou te explicar porque.
Vejo muitos posts na internet com os títulos: “Trintou Congelou”, “Brasileiras triplicam busca por congelamento de óvulos”, “Até quantos anos pode congelar óvulos?”… Bom, estou com 38 e decidi que não vou congelar meus óvulos!
Então, hoje vou trazer uma perspectiva um pouco diferente do que geralmente você lê aqui no Just Real Moms.
O que sempre escuto, depois de responder minha idade, é a mesma pergunta: “Mas, e aí? Você vai congelar seus óvulos?”
Minha reação era sempre “O que? Congelar quem? Quando? Por quê?”
Primeiro, nunca entendi muito a razão do desespero (da sociedade) de querer garantir que EU tivesse filhos.
No começo ficava incomodada, não entendia a razão de alguém precisar me perguntar isso e ainda mais se preocupar, por mim, de algo relacionado a minha vida pessoal.
Com o tempo, e com minha própria evolução espiritual, fui entendendo e vendo de outra maneira. E assim, isso deixou de me incomodar.
Mas, desde cedo, minha resposta foi sempre a mesma: “Não vou congelar meu óvulos.” O que mudou foi a forma com que eu respondia e o sentimento que me gerava internamente.
Agora, vamos lá, deixe eu explicar uma coisa. Eu NÃO sou contra congelar óvulos. Eu acredito que Deus (ou qualquer Deus que você acredite…sem nenhuma conotação religiosa aqui) certamente “capacitou”(por falta de um termo melhor) a humanidade para evoluir na indústria médica, na ciência, etc.
Sem dúvida os avanços são excepcionais e já trouxeram grandes alegria para literalmente milhares de pessoas nos quatro cantos do mundo. Famílias lindíssimas foram criadas e serão eternamente gratas a todos os médicos e especialistas que dedicam suas vidas para fazer este sonho da paternidade se concretizar.
Eu acredito que a mulher que “morre” se não tiver filho deve, sem dúvida alguma – e se tiver a oportunidade – deveria congelar seus óvulos principalmente se está chegando próximos dos 35-40 e ainda não tem uma perspectiva para engravidar (seja por opção, por causa do trabalho, porque está solteira ou qualquer outra razão).
Conheço amigas que não congelaram, e hoje se arrependem pois estão na maior dificuldade de conseguir um 2º ou 3º filho…ou até, o primeiro.
Mas, com a evolução da humanidade no ramo da ciência, existe também a evolução em relação ao autoconhecimento, a espiritualidade e afins.
Há 10 anos eu sigo uma escola espiritual, ainda pouco conhecida porém nada nova, mas são do tipo que não ficam fazendo marketing para atrair pessoas (mas isso é história para outro dia)…
As práticas são basicamente de respiração, meditação e construção de caráter. Construção de caráter, de um modo bem simplificado, pode ser explicado como a evolução do autoconhecimento que mencionei acima.
Assim, com práticas diárias, vamos vivenciando muitas coisas bacanas, aprendendo mais sobre quem somos, o que queremos, por que viemos para esse mundo, como podemos servir e ajudar o próximo, como melhorar nossas relações, nosso trabalho, nossa felicidade, etc…
Essa evolução levou muita gente a perceber que NÃO querem ser pais jovens (como a sociedade “dita”), e outros ainda percebem que NÃO querem ser pais (ponto).
Algumas amigas minhas, há anos, que falam com toda segurança que NÃO querem ser mães.
Muitas ainda explicam, mesmo sem eu nunca ter pedido explicação pois não acho que precise de tal… Mas, elas falam que “Sou muito egoísta e não vou conseguir dividir o meu tempo”; “Amo demais o meu trabalho para me dedicar à uma criança”; “Eu não tenho jeito e afinidade com bebês”; “Eu prefiro adotar, pois não tenho vontade de passar por uma gestação”…e outras tem respostas mais vagas, mas talvez as mais profundas e pensadas: “Eu tenho outro propósito na vida e ser mãe não está nos planos”.
Bom, independente da resposta, eu acho MARAVILHOSO a mulher, ou o homem, que sabem e identificam que não querem ser pais.
Eles não vão na “onda” da sociedade de TER que casar, aí TER que ter filhos, depois do primeiro que mal nasceu, já perguntam se você vai ter o segundo (mas você ainda está amamentando o primeiro!!), quando tem o segundo, se são por exemplo meninas, perguntam “Mas você não vai tentar um menininho…” S-o-c-o-r-r-o!
Saber identificar que você não foi feita para ser mãe ou pai, é a coisa mais maravilhosa que alguém pode fazer – para você, para seu companheiro, para sua família e principalmente para a criança.
Fazer em respeito a um mini ser humano que você iria trazer para esse mundo e que vai precisar de toda sua atenção.
Vejo amigas que não queriam ter filhos, mas tiveram por pura pressão…e agora os filhos ficam com as babás ou com os avós, a mãe não tem paciência, está deprimida, o relacionamento está desmoronando…Quem não conhece alguém nessa situação?
Gente, não são todas as mulheres que nasceram para ser mãe! A sociedade tem que acabar com esse estereótipo e apoiar a mulher que sabe que não quer entrar nessa jornada!
Bom, tudo isso para falar sobre congelar meus óvulos. Vamos voltar para esse assunto, rsss.
Como falei, se você sabe que veio para esse mundo para ser mãe, é o maior sonho da sua vida, eu sou a primeira para falar que você deveria congelar para garantir que possa engravidar.
Leia sobre isso, aprenda todos os detalhes, procure bons especialistas que confie, se alimente bem, converse para ter o suporte emocional necessário, pois isso não deveria ter uma jornada solitária como muitas fazem, principalmente quando existe ainda uma questão de infertilidade. Temos que quebrar esse tabu e apoiar mulheres nesse momento!
No meu caso, e seguindo um pouco o caminho espiritual que estou há mais de 10 anos…para minha jornada eu acredito que se for para eu ser mãe, eu sei que vou ser. E é literalmente simples assim.
Se meu caminho não for esse, está tudo bem também! Eu não quero a interferência humana para, e da medicina, para congelar meus óvulos e ir contra o que estava “planejado” (por falta de uma palavra maior. Sei que isso pode gerar discussões, mas lembrem…essa é a minha jornada e está tudo certo!) :-)
E entendam: não ser mãe eu quero dizer, não poder engravidar! Eu sou super a favor da adoção, por exemplo, e acredito que isso é ser mãe, tanto quanto é através de uma gravidez.
Sempre fui, na verdade, mas depois de assistir aquele filme “Lion” que ganhou vários prêmios e tem como ator principal o talentoso Dev Patel (do Quero Ser um Milionário), minha vontade aumentou!
No filme, a Nicole Kidman é a mãe adotiva do Saru (interpretado pelo Dev Patel). Em uma conversa de mãe e filho, ele fala: “Desculpe por você nunca poder ter tido filhos.”…insinuando que a Nicole Kidman teria tido dificuldades para engravidar e aí a razão da adoção.
A Nicole, com uma expressão meio sem entender, falou: “Eu e seu pai poderíamos ter tido filhos, mas optamos por não ter. Colocar uma criança no mundo não significa que estamos fazendo algo para um bem maior, mas adotar duas crianças que precisavam de um Lar, já é um bem em si.”
Ou seja, a adoção foi uma opção deles, mesmo podendo engravidar! E assim, fiquei ainda mais a vontade e feliz com a ideia de adotar, se um dia eu decidir ir por este caminho e meu marido também.
Você sabia que mais de 80.000 crianças desaparecem a cada ano e há mais de 11 milhões de crianças vivendo nas ruas somente na Índia?
Meninas, o que quero dizer é: precisamos parar de fazer com que todas as mulheres se sintam na obrigação de casar, de engravidar, de ser mãe, e ai ter o segundo, terceiro filho….ufa.
Como falei, acho maravilhosa a tecnologia para podermos congelar os óvulos! Existem médicos incríveis que dedicam suas vidas para fazer o desejo de mãe ser uma realidade para muitas que têm este desejo, mas uma grande dificuldade.
Eu só acho importantíssimo cada uma reconhecer o que realmente quer e seguir SEU desejo – sem interferência, sem pressão ou por causa de padrões.
Mas estar com 38 anos e não querer seguir esse caminho de congelar meus óvulos, é tão certo e válido como qualquer outro, né? Eu serei uma mãe MUITO feliz através da possibilidade de uma adoção. Eu darei todo meu amor, apoio e dedicação na mesma intensidade se fosse um filho meu que veio através de uma gravidez!
Precisamos respeitar a individualidade. Precisamos respeitar o desejo da vida que cada uma quer criar. Temos que parar de julgar a vida do outro, nos baseando nas nossas crenças e ideais.
Precisamos apoiar umas as outras e entender que cada mulher uma tem um caminho e um propósito diferente nesse mundo!
Como já disse Voltaire: “Um homem deve ser julgado mais pelas suas perguntas do que por suas respostas.”
Então, taí uma óóóótima frase para dizer para alguém que está te fazendo uma pergunta “indiscreta”! Hahaha!