Oie, meninas!
Tudo bem?
Hoje, trouxemos um texto da nossa colunista e psicóloga, Daniela Nogueira, que vocês tanto adoram! Em seu último post, ela falou sobre a grande dúvida entre creche ou casa e agora escreveu algumas palavras – super reais – sobre compaixão!
A Daniela é idealizadora do projeto Pais Em Ação, que apoia pais e mães na educação dos filhos oferecendo aconselhamento personalizado e domiciliar com um olhar de profundo respeito pela criança.
Boa leitura!
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Quando uma criança faz uma escolha ruim e portanto se comportar mal, estamos tão treinados a pensar em castigos e punições que acabamos esquecendo de ensina-la a solucionar os problemas que a levaram a se comportar desta forma em 1º lugar.
Particularmente, mesmo antes de me tornar mãe, ter aprendido a usar habilidades de resolução de problemas foi um divisor de águas na minha vida e tenho certeza que com os meus dois pequenos para educar, isto só me ajudará.
Este tópico realmente me anima pois faz a diferença na vida de muitas famílias! Uma palavra que uso muito quando converso com os pais que aconselho é “compaixão“.
Muitos pais me perguntam como mudar o olhar para as birras, os choros descontrolados, gritos ou desobediência dos pequenos. Começo falando sobre o que se passa naquele cérebro ainda em desenvolvimento, sobre como é difícil tomar as decisões certas quando se é pequeno e não se tem vivência o suficiente para usar de habilidades e conhecimentos que só a prática nos dá. Quando levo isso em consideração, eu realmente olho para uma criança tendo uma crise de forma diferente e por isso sinto compaixão.
Não é pena, é compaixão. Um sentimento que nos move a olhar o sofrimento do outro, entender e querer ajudar.
Quem nunca perdeu o controle? Falou o que não devia? Estragou um objeto na hora da raiva? Quem nunca teve ciúmes? Quem nunca preferiu curtir o momento sem se importar com o depois? Ou agiu por impulso?? Agora imagine sentir ou fazer as mesmas coisas com 2 anos? Com um ano e meio, com 3? Ou até a adolescência?
Imagine sentir tudo isso e ainda por cima não ter o córtex pré-frontal totalmente desenvolvido para te ajudar? Não ter tido muita experiência com emoções intensas que parecem tão assustadoras? Não ter vocabulário suficiente para se expressar? Ou pior, não ter dentro de casa um ambiente acolhedor para ter o direito de aprender?
Mesmo diante da manha ou choro mais “sem causa aparente” é preciso ter empatia e compaixão para poder ensinar.
Para mudar o olhar quando o filho fez algo errado, tente enxergar o mau comportamento dele como uma “escolha ruim”, isso ajudará vocês dois. Ter empatia por quem fez uma escolha errada nos coloca em posição privilegiada para que a criança nos escute e queira cooperar na hora pensar como fazer diferente numa próxima vez.
Só pensando por conta própria nas relações de causa e feito e no que fazer depois (resolução de problemas) é que uma criança vai tomando para si a responsabilidade de seus atos. Não é para isso que educamos nossos filhos?
Ps: Enquanto escrevia este texto fui pesquisar um pouco mais sobre compaixão e descobri que pesquisas recentes em neurociência mostram que ao cultivar este sentimento você integra todas as partes do seu cérebro. Pessoas que cultivam compaixão têm mais resiliência e estudos mostraram que sentir compaixão também aumenta a imunidade. (Emory, Davis)
Não deixe seu filhote crescer sem receber compaixão de você e com isso aprender a senti-la e cultiva-la também. Sua família só tem a ganhar!
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Por Daniela Nogueira
Especializada na abordagem Pikler-Lóczy em Paris, França, está envolvida no universo infantil há mais de 15 anos com experiências em co-educação nos EUA, trabalho terapêutico em instituições e abrigos para crianças e atuação como professora na educação infantil em escolas particulares de São Paulo e Rio de Janeiro.