O esporte foi, com certeza, um dos principais alicerces na minha infância. E hoje eu vou contar, não apenas a importância, mas qual é o ponto essencial na prática de atividade física na infância.
Foi através da prática de atividade física na infância que construí muitas das ferramentas emocionais que ajudaram a formar meu caráter e a trilhar muitos dos caminhos que decidi seguir. Mas, há um ponto essencial da prática de atividade física na infância.
Quando penso no quanto a atividade física pode ser transformadora não só fisicamente como mentalmente, não tenho como não associá-la à prática da medicina que acredito.
A Medicina do Estilo de Vida tem como um de seus pilares a atividade física.
As crianças naturalmente se movimentam mais que os adultos, através do ato de brincar e é desta maneira lúdica que construímos o caminho para o exercício físico regular no futuro.
Brincar de maneira livre é algo muito rico em estímulos tanto físicos como emocionais.
O ato de brincar por si só gera a necessidade de tomada de decisões como: Qual brincadeira irei optar? Irei ceder ao grupo? Irei brincar sozinha? Qual postura irei tomar frente à uma situação de disputa? No caso de brincadeiras com vencedores e perdedores – qual a reação frente à derrota?
Os ganhos são infinitos durante brincadeiras livres! O uso de eletrônicos com aumento constante, ainda mais nos últimos tempos devido à pandemia, vem roubando o tempo disponível de crianças, adolescentes e adultos. A família, sempre que possível, deve priorizar atividades que sejam ao ar livre – shopping ou parque?
Até os 7 anos as atividades estruturadas, aquelas que possuem regras e são lideradas por um adulto capacitado, não devem ser realizadas.
A criança precisa passar por estímulos motores diversos para desenvolver sua estrutura muscular e articular. A variedade de atividades realizadas será o ponto inicial para mais tarde a escolha por um esporte específico ocorrer.
Além disso, a criança deve ter certa capacidade emocional e cognitiva para participar de atividades estruturadas. Antes disso, o aspecto lúdico deve prevalecer, gerando conexão com o esporte.
Mas fazer um esporte significa que ele deva ser competitivo? Não necessariamente. A busca por performance e resultados ocorrerá se houver desejo da criança e do adolescente. A família deverá decidir em conjunto qual o caminho será trilhado.
O ponto essencial da prática de atividade física na infância é o Modelo Parental.
A família como um todo deve estar engajada. Lembrem-se: a palavra convence, mas o exemplo arrasta.
Assim, traçar objetivos para todos os membros da família é fundamental!
Fazer ALGUMA atividade é melhor do que não fazer – essa frase que está inserida no Guideline da Organização Mundial da Saúde – deve ser um mantra para todos nós. Muitas vezes nos limitamos por achar que temos que iniciar algo em sua intensidade máxima, caso contrário não será significativo.
A questão é que somente com CONSTÂNCIA chegamos na construção de hábitos.
Tente:
- Escrever seu objetivo
- Seja Específico
- Coloque data para terminar
- Seja realista!
Então, que tal 1 x por semana 30 minutos? Pouco? Melhor que nada ….
Segue abaixo a recomendação da Organização Mundial da Saúde que foi lançada no final de 2020. Não se preocupe em atingir essas metas no primeiro mês, construa tijolo por tijolo.
Menor de 1 ano:
Deve ser fisicamente ativo várias vezes ao dia de maneiras diferentes, especialmente por meio de jogos interativos no chão; quanto mais, melhor. Para aqueles que ainda não são móveis, isso inclui pelo menos 30 minutos em posição prona (tempo de barriga) espalhados por todo o dia enquanto acordado.
1 a 2 anos:
Deve passar pelo menos 180 minutos em uma variedade de atividades físicas em qualquer intensidade, incluindo atividade física de intensidade moderada a vigorosa, distribuída ao longo do dia; mais é melhor.
3 a 4 anos:
Deve passar pelo menos 180 minutos em uma variedade de atividades físicas em qualquer intensidade, dos quais pelo menos 60 minutos são atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, espalhados ao longo do dia; mais é melhor.
5 a 17 anos:
60 minutos ao dia de atividade leve a moderada, como caminhar, brincar. 3 x na semana atividades de intensidade maior, como nadar, correr ou algum esporte estruturado, ou mesmo atividades de força. Lembrando que sempre devem ser acompanhados de orientação especializada.
18 a 64 anos:
150 a 300 minutos por semana de atividade moderada ou 75 a 150 minutos de atividade intensa. Incluir 2x na semana atividades que envolvam força, como musculação, pilates ou funcional. Para resultados adicionais: 300 minutos por semana de atividades moderadas ou 150 de atividades intensas.
Recomendação universal:
Por fim, Diminuir tempo frente às telas e fazer escolhas conscientes ao longo do dia, como subir escadas e realizar tarefas à pé. Devemos nos mexer o dia todo e não somente nos momentos específicos de atividade física. CADA MOVIMENTO IMPORTA!
Se gostou deste post, aproveite para ler o post anterior da Dra. Flavia sobre “5 dicas para uma vida mais leve e com propósito“!
Sobre a Dra. Flavia Regina De Oliveira
Instagram: @Dra.FlaviaPediatra
CRM: 113123 | RQE: 63253
Mãe do Lucas de 10 anos e Pedro de 7 anos. Pediatra e Neonatologista pela SBP aqui no JRM vou conversar com vocês sobre Medicina do Estilo de Vida, vamos juntos traçar ferramentas para colocar em prática um estilo de vida coerente com nossas necessidades e da nossa família.
Graduada em medicina pela Faculdade de Medicina da Fundação ABC – FMABC, fez residência médica em Pediatria Geral pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, tem título de especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP com residência em Neonatologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. É especialista em Neonatologia pela Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP e pós-graduada em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein – HIAE.
