A asma do seu filho está controlada?

Seu filho tem asma controlada? Se ele interna ou visita o pronto-socorro pelo menos uma vez ao ano, a resposta é não!

Olá, mamães! Tudo bem? Essa semana assisti a um vídeo muito interessante sobre crianças que conseguem viver razoavelmente bem, mesmo tendo asma grave.

O vídeo me emocionou bastante, pois pude notar o quanto as crianças sofrem com algumas limitações que a asma pode causar e fiquei surpresa em saber que a asma pode sim ser controlada, e que os pais e pacientes não podem se acostumar com tosse, chiado ou falta de ar.

Para facilitar o entendimento sobre a asma, façam esse teste rápido¹. Se vocês responderem SIM para pelo menos uma das perguntas – procurem um médico, pois pode ser um sinal de que a asma não esteja controlada.

É possível controlar a asma sempre, independentemente de sua gravidade?

Realmente é diferente do que eu tinha em mente. Em meu leigo conhecimento, achava que as crianças com asma deveriam andar constantemente com as famosas “bombinhas”, mas descobri que não!

Uma grande amiga tem uma filha com asma e corri para contar isso para ela! A filha dela ficava internada constantemente e ela achava isso relativamente “normal” para um quadro com asma, mas isso não é normal!

Portanto, se você tem que internar ou levar ao pronto-socorro seu filho pelo menos 1 vez ao ano por causa de asma, saiba que ele está com a asma não controlada e precisa procurar um médico, pois isso não é normal!

Para responder as dúvidas de algumas leitoras sobre esse tema tão delicado, o Just Real Moms conversou com o Dr. Paulo Pitrez, pneumologista pediátrico e professor da Faculdade de Medicina da PUC do Rio Grande do Sul (PUCRS). Dr. Paulo Pitrez explica como obter ajuda em um centro de referência especializado no tratamento da asma e alcançar o controle adequado da doença!

1. Como saber se a asma do meu filho está controlada?

A asma está controlada quando a criança não apresenta nenhum sintoma da doença. Ou seja, não pode haver tosse, chiado e nenhum sinal de falta de ar (como aperto no peito ou sensação de que o ar não está entrando).

Os pais não devem se acostumar com seus filhos tendo nenhuma limitação. Não é normal a criança sentir falta de ar toda vez que corre, brinca ou joga bola, por exemplo. É preciso ter muita atenção aos sinais e buscar ajuda especializada em um centro de referência para o tratamento da asma, caso não estejam controlados.

2. É possível controlar a asma sempre, independentemente de sua gravidade?

Sim, a asma tem controle, independente do tipo e da gravidade. Existe um percentual de crianças com asma que têm uma apresentação muito grave da doença, que é difícil de controlar mesmo seguindo o tratamento convencional à risca.

Apesar de ser um percentual muito pequeno, esses pacientes são os que mais sofrem e os que mais custam socialmente e economicamente para a sociedade – se considerarmos internações recorrentes, dias fora da escola, pais fora do trabalho etc.

Como mostramos no vídeo, apesar de mais desafiadores, mesmo os casos graves podem ser controlados com o tratamento e os cuidados adequados, e é isso que os pais devem buscar sempre.

3. Porque, então, tantos pais convivem com a asma dos filhos “sem controle”?

Vejo no consultório que os pais se assustam muito nas primeiras crises, mas depois vão se acostumando com os sintomas da asma.

Eles notam alguma melhora no filho, e acreditam que aquilo basta, ou que é o máximo que podem esperar do tratamento. Entretanto, sempre explico que as crianças não podem ter nenhum sintoma, a vida deles tem que ser absolutamente normal.

Sem o controle adequado, a asma traz muito sofrimento para criança, e abala a qualidade de vida da família toda, com os despertares noturnos, medo de brincar e correr, crises que duram 4-7 dias, com agravamento dos sintomas. Isso não precisa ser parte da vida de nenhuma família.

4. De forma geral, quais os tratamentos para asma existentes?

Existe o tratamento do sintoma ou da crise aguda, quando “apagamos o incêndio”, mas depois temos que “manter a floresta sem chamas”, com a medicação controladora preventiva.

Para um grupo muitíssimo pequeno, que não responde a essas terapias, há tratamentos mais sofisticados necessários para o controle da asma. O importante é: sempre temos que buscar o controle total dos sintomas.

5. Ao suspeitar da asma (ou da asma fora de controle), o que os pais devem fazer?

Quando a criança apresenta os sintomas de asma, principalmente de forma recorrente, os pais devem buscar auxílio médico, para confirmar o diagnóstico. O caminho natural é recorrer ao pediatra.

Se houver alguma dificuldade em controlar a doença, o pediatra deve encaminhar o paciente para um especialista, um pneumologista pediátrico ou alergologista, de preferência em um centro de referência para o tratamento da asma.

6. Como encontrar um centro de referência especializado em asma e quais as vantagens que oferecem?

Existem inúmeros centros de referência para o tratamento da asma no Brasil, a maioria ligados a hospitais e universidades. No centro de referência, os pacientes confirmam o diagnóstico com mais agilidade e precisão, e o tratamento é bastante especializado. Além disso, toda a estrutura para atender o paciente e apoiar os pais é focada no controle adequado da asma.

Os pacientes que têm convênios ou planos privados de saúde podem ligar diretamente e agendar consulta (confira a lista aqui), enquanto os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) precisam de um encaminhamento.

Dr. Paulo Pitrez

Pneumologista Pediátrico e Professor da Faculdade de Medicina da PUC-RS

CRM RS20324

Para saberem mais sobre asma grave, cliquem aqui.

1. Global Strategy for Asthma Management and Prevention, Global Initiative for Asthma (GINA) 2015. Disponível em: http://www.ginasthma.org