Falar de paternidade em 2025 ainda é urgente — e necessário. Porque cuidado também é coisa de homem. Compartilhe com um Papai que você conhece!
Oi Mamães e PAPAIS! Em pleno 2025, ainda precisamos lembrar que pai não é rede de apoio — é base, presença e compromisso.
Falar sobre paternidade é mais urgente do que parece.
Temas como abandono, ausência emocional e a falta de políticas públicas continuam afetando profundamente a infância — e, por consequência, o futuro da nossa sociedade.
Enquanto isso, seguimos tratando o pai como coadjuvante, quando ele deveria ser parte essencial da construção de um mundo melhor.
Este texto incrível, escrito pelo nosso colunista e parceiro, Dr. Paulo Telles – Pediatra e Neonatologista – é um convite. É um desconforto necessário. (Ah, e não deixe de ver esse vídeo lindo que ele postou!)
E, quem sabe, o ponto de partida para uma nova forma de ser pai — e de entender o que isso realmente significa.
Conhece um Papai que precisa ler isso? Então, manda esse post para ele. Às vezes, a sementinha começa assim, não é!?
O ano é 2025. Mesmo em um mundo polarizado, quero tratar de um tema que, na verdade, deveria ser unanimidade. Vou tentar fazer isso sem criar polêmicas ou acionar gatilhos.
Meu objetivo aqui é tocar onde talvez ainda doa – e, quem sabe, inspirar uma transformação que já vem ganhando força em vários países.
Falo da paternidade. Da verdadeira paternidade.
Temos inúmeros estudos e artigos que comprovam os benefícios de um pai presente, atuante, envolvido. Um pai de verdade, em seu sentido mais completo.
A palavra “pai” vem do latim pater e representa a figura paternal dentro de uma família. Mas o conceito vai muito além da biologia. Um pai adotivo, de criação ou qualquer figura que assume esse papel com amor e responsabilidade é, muitas vezes, mais pai do que aquele que apenas gerou uma criança e desapareceu.
Para se ter uma ideia da gravidade do abandono paterno, em 2023, mais de 172 mil crianças nasceram no Brasil sem o nome do pai na certidão (1). Em 2024, até 19 de julho, já eram mais de 91 mil. (2)
Ainda estamos discutindo o papel do pai quando, na verdade, ele deveria ser óbvio: amar, cuidar e educar. Atender às necessidades mais básicas de uma criança para que ela se desenvolva de forma saudável – física, emocional, psicológica e espiritualmente.
Mas, infelizmente, na nossa sociedade ainda marcada pelo patriarcado, o pai ainda é visto – e muitas vezes se comporta – como um coadjuvante. Um provedor que assina a carteira, mas não comparece na consulta do pediatra.
Quer uma prova disso? Basta olhar para o tempo de licença-paternidade no Brasil: míseros cinco dias. Isso revela muito sobre a cultura em que vivemos. E não, o problema não é só financeiro.
A ampliação da licença-paternidade para 20 dias teria um custo de apenas R$ 99 milhões, o que representa 0,009% da arrecadação federal. Um investimento baixíssimo quando comparado aos benefícios.
Em países mais avançados, o cuidado parental é tratado com a importância que merece.
A Suécia, por exemplo, oferece 480 dias de licença parental remunerada, divididos entre pais e mães – sejam biológicos, adotivos, solteiros ou casais LGBTQIA+. E mais: é possível transferir parte desses dias para familiares ou amigos. Isso porque eles entendem que o futuro de uma nação começa na primeira infância.
O economista James Heckman, prêmio Nobel, concluiu que investir nos primeiros anos de vida é uma das estratégias mais eficazes para o crescimento econômico. Então, cada dólar investido nessa fase retorna de forma significativa – em educação, saúde, segurança e produtividade.
E o pai tem um papel essencial nesse processo.
Crianças com pais presentes tendem a ter melhor desempenho cognitivo, melhores resultados em testes de QI, maior regulação emocional e menos problemas de comportamento, como ansiedade e agressividade.
Pais engajados ajudam seus filhos a desenvolver habilidades sociais mais sólidas, melhores vínculos afetivos e mais empatia. A paternidade ativa ensina, na prática, valores fundamentais para a sociedade, como cooperação, respeito e cuidado.
Do ponto de vista emocional, a presença de um pai ativo proporciona segurança, reduz o estresse e fortalece a autoestima da criança. Ajuda a criar adultos mais confiantes, resilientes e saudáveis.
Porém, não são só as crianças que ganham.
A ciência mostra que pais que participam ativamente dos cuidados com seus filhos apresentam mudanças cerebrais semelhantes às das mães: áreas ligadas à empatia, compreensão social e conexão afetiva se fortalecem.
A paternidade transforma o cérebro – e transforma o homem.
Além disso, há ganhos econômicos e sociais: crianças com pais presentes têm melhor desempenho escolar, maior chance de sucesso profissional e menor risco de envolvimento com a criminalidade. Tudo isso reduz, a longo prazo, os custos com saúde, segurança e assistência social.
O problema é que não nasce um pai quando nasce um filho. É preciso afeto, envolvimento, entrega. É preciso aprender a ser pai. E isso exige tempo, espaço e incentivo.
Por isso, precisamos influenciar outros pais a estarem no pré-natal, a lutarem por uma licença-paternidade mais justa, a dividirem verdadeiramente os cuidados com a mãe e com o bebê desde o início. Os pais que saibam a rotina do filho, que compareçam às consultas médicas, que saibam trocar fralda e acalmar no colo.
Pais que não dependam das mães para resolver crises.
Pais que se orgulhem de participar.
E ainda, Pais que entendam que o cuidado não tem gênero.
As empresas ganham, as famílias ganham, e a sociedade também. Um pai ativo é um profissional melhor, mais eficiente, mais humano, mais completo.
Infelizmente, esses ganhos ainda parecem distantes da agenda política, mais focada na próxima eleição do que nas próximas gerações.
Mas a verdade permanece: Não basta ser pai. Tem que participar.

Sobre o Dr. Paulo Nardy Telles (CRM 109556 | RQE 93689)
Instagram: @PauloTelles
Esposo, Pai do Léo e da Nina Pediatra e Neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
- Formado pela Faculdade de Medicina do ABC
- Residência médica em pediatra e neonatologia pelaFaculdade de Medicina da USP
- Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP
- Título de Especialista em Pediatria pela SBP
- Título de Especialista em Neonatologia pela SBP
- Atuou como Pediatra e Neonatologista no Hospital Israelita Albert Einstein 2008-2012
- 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura
Referências:
#1 IBDFRAM: Assessoria de Comunicação do IBDFAM – Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) obtidos por meio do Portal da Transparência do Registro Civil. https://ibdfam.org.br/noticias/11441
#2 IBDFRAM: Assessoria de Comunicação do IBDFAM – Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) obtidos por meio do Portal da Transparência do Registro Civil. https://ibdfam.org.br/noticias/12043