A casa do Biso vai fechar com a quaresmeira, o ipê, a colmeia, com o telhado… Almoço na casa do Biso. Último? Quase último? Já faltam alguns móveis, a geladeira antiga, uns quadros, uns retratos. Faltam eles.
Oi pessoal, e aí? Bora ler mais uma crônica Vovó Filó Conta? Essa vez, a recordação é da casa do Biso!
Divirtam-se! E certamente as suas memórias também voltarão!
Porque aqui era a casa onde seu papai brincava. Era a casa da vovó dele.
Você também brincava aqui, vovó? Não, a vovó morava na casa de minha mamãe e o vovô estrelinha, que é papai do seu papai, morava aqui.
Está vendo aquela árvore no canto? Dava umas Camélias lindas… Ca-mé-lias. Camélias são as flores brancas que dão naquela árvore.
Sabe o que o vovô estrelinha fazia? Levava as camélias para a vovó gostar muito dele. E você gostou dele? Gostei tanto, que me casei com ele.
Depois nasceu seu papai e a gente vinha aqui na casa da bisa e do biso para o papai brincar com muuuuuuitos primos que nem vocês estão fazendo hoje.
Na casa do biso? Sim, do seu biso, que era o vovô do seu papai e papai de vovô estrelinha.
Nossa! Meu Pai do céu! Que confuso, vovó!
Dou uma olhada pelo jardim e vejo a natureza desafiando o tempo e provocando nossa memória. Vocês não sabiam que tem uma colmeia há mais de 20 anos aqui no ipê branco?
Quero ver! Eu também! Pega eu, levanta eu, quero ver!
Mas colmeia é amarela, vovó. Mas, esta colmeia fica dentro do Ipê. Tá vendo aquele buraquinho? É a entrada da colmeia. Lá dentro tem uma enorme de muitos anos.
Já pensou quanto mel tem lá dentro e que docinha essa árvore é? As lembranças são mais doces. O ipê branco florido. Mas dura pouco.
Como o tempo de nossa memória. Fugaz. Parece neve!
E aquela? A quaresmeira enorme como viaduto para ousadias no telhado. ”Essa criançada quando se junta só faz arte!”
Olha a criança, vai cair, vai ficar de castigo, fecha o portão, olha criança fugindo para calçada, cadê o Dudu? Cadê a Bia? Estão no fundo! Estão não, procura, procura! Achou, vovó?
A gente só não acha jeito de voltar no tempo, meu amor…
A casa do Biso vai fechar com a quaresmeira, o ipê, a colmeia, com o telhado…
Almoço na casa do Biso. Último? Quase último? Já faltam alguns móveis, a geladeira antiga, uns quadros, uns retratos. Faltam eles.
A casa dos avós tem a magia de muito improvisado, um álbum sem fim de recordações. A casa dos avós é sempre cheia. De pessoas ou de significados.
Risadas ecoam pelas paredes, pelo corredor sem fim, o barulho dos passos no assoalho de madeira, o ranger do portão de ferro. Quem não tem um filme de uma cena da casa dos avós guardada na memória que não há velhice que apague?
São todos meus primos, vovó?
Ah, os primos… Só primos podem entender o que cada canto da casa representa.
Primos podem saber o jardim secreto da casa dos avós, aquele cômodo em que ninguém quase entra, a surpresa proibida na geladeira, a gaveta de guloseimas, a gaveta com as “joias” e a maquiagem da vovó, a marca de óleo no chão do carro velho, o desenho na parede.
Só primos podem saber a maciez, o conforto do sofá, daquele sofá, o cheiro do tapete no qual se sentavam para brincar, as conversas intermináveis, as confissões da adolescência, aquele tio legal que sempre salvava você numa confusão.
E só primos podem saber as noites de aconchego, o Natal rumoroso, cada ano maior, a voz do patriarca na reza ao redor da mesa, o avanço esfomeado sobre os pratos.
Fechem o portão! Cuidado com as crianças!
A história se repete. Sempre se repete. É preciso que se repita sempre para que possamos dimensioná-la com um pouco mais de precisão.
Despedir da casa dos avós dói, mas só dói porque é o tempo da felicidade inconsciente, inconsequente, despreocupada e amparada.
Ter tido a casa dos avós é ter um manual de tolerância. Me desculpem quem não a teve; para alguns não foi possível, mas para os que a tiveram, a casa dos avós é o museu de sua vida, o acervo de seus melhores momentos.
É seu busto de bronze a lhe homenagear a história e a lhe avisar de sua referência. É o acalanto dos embalos mais amorosos, das cumplicidades, do refúgio no perigo, da certeza de que lá “tudo estará bem”.
E quando nos despedimos da casa dos avós sobrepõem-se os sentimentos do passado e as responsabilidades do futuro.
E podem desmanchar tudo, até o ipê, a colmeia e a camélia. As lembranças ficam forjadas na memória: carinhosas, cheirosas, afetivas, gustativas, auditivas!
Pai nosso que estais no céu…Saia daí, menino! Todo mundo já comeu? Copo não precisa de aparelho de dente… A mamadeira está na pia da copa… Glória ao Pai, ao Filho ao Espírito Santo…
Vovó, o biso não tá mais aqui, né?
Não, meu amor.
Então, ele virou um anjo?
Virou, meu amor. Ele virou um anjo.
Por fim, aproveite para ler também: “Vovó Filó Conta: Ai, vovó…”
Linda família, Filó querida! Me fez rememorar muitos momentos dos meus filhos, sobrinhos e sobrinhos-netos (os bisnetos), na casa dos meus pais! EMOCIONOU!! Muito obrigada
achei fantásticas as estórias. Estórias de uma vida. Vida essa cheia de surpresas, como só poderia ser.
Que conto mais agradável!
Faz a gente recordar da casa de nossos queridos e inesquecíveis avós!
Lindo mexeu com minhas lembranças, fiquei emocionada voltei no tempo.Brilhante minha amiga esse talento já vem de muito tempo que eu me recordo vc só se aprimorou.
Simplesmente linda e emocionante nos faz voltar no tempo …parabéns Filó! Amamos💗
Ameiiii, Filó!
Voltei para a casa da minha vovó!
Ameiii a postagem .realmente. Casa de vo tudo de bom, não tem como ler. E não recordar das idas a 🏠 dá vó jogar bola , ficar noite sentado na calçadas. Rindo a toa com as primarada.passado muito q hoje tem se perdido q os celulares e tecnologia rouba à rodas de “prosas” e causos”kkkk
Parabéns Filo pela matéria..arrasou !
Que talento querida Filó! Linda crónica que realmente nos leva pro passado e pras lindas memórias de muito amor!
Filó, como sempre, fazendo cada vez uma crônica mais interessante e mais cheia de reminiscências!!
Adoro ler seus escritos, vc tem bastante talento!
Quanta sensibilidade…. escorreu uma lágrima por aqui lembrando de minha avó!
Que delícia são as crônicas da vovó Filó! Nos remete as doçuras dos tempos da infância, dos momentos ternos com nossos avós e até o cheirinho dos lugares nos vem a tona. Nosso dia fica bem melhor passando por essas lembranças!
Quanto amor em um texto, que sorte a nossa! ❤️
Que delícia de crônica…..
Parabéns 🥳!!!muito boa crônica
Como sempre a vovó Filó é impecável. Lendo, a sua forma de escrever carregado de significados, levou-me a entrar na capsula do tempo, pé descalços, sorriso aberto, cabelos ao vento e a voz terna e eterna, de um avô amoroso, cuidando de cada detalhe para que seu tesouro,eu, kkkk vivesse a liberdade kkk assistida bem de perto, e dando enfase a alegria que o amor presente podia proporcionar e, que ainda proporciona, porque da memória e coração ainda mora. Parabéns, com sua sensibilidade e talento em se expressar Filó, toca corações que até mesmo quem não vivenciou tais momentos, cmvai desejar ser estes momentos aos seus
Filó querida, é uma alegria ler seus contos. Compartilho com minha filha e com as pessoas que amo. Vc realmente é maravilhosa viu! bjocas
Fui testemunha fiel de todos esses momentos, pois somos amigas há mais de 60anos!!!! Muitas vezes participei do calor, animação e amizade que essa casa mágica nos oferecia. Até Camélias ganhei do meu namorado que também virou meu marido. Eram camélias com o feitiço do amor. Foi um marco em nossa estória.
Crônica emocionante, uma delícia de ler!! Melhor ainda é fazer parte dessa família, muito orgulho!!
Linda crônica!!! Me emocionou…
Parabéns Vovó Filó!!!
Como sempre, a Filomena foi brilhante em descrever com tanta clareza e amor as relações familiares. Adorei! Não poderia ser melhor. Parabéns, vó Filó!
Que delícia Filó, viajei nessa história, voltei para a casa da minha avó e vivi com toda essa família tão viva. Parabéns 👏👏👏
Filó essa sua crônica me trouxe uma doce recordação da casa dos meus avós e do tempo que passávamos lá durante as férias. Foi uma leitura que me transportou para outros tempos deliciosos.
Parabéns! 😘
Que lindo que ficou 💜 saudades demais ! Avós são o maior presente da vida !
Crônica linda…casa dos avós é um ninho de boas lembranças.
Filó soube trazer açúcar em nossos corações!!!!
Amei
Lindo texto! Emocionante!
A escritora e agora cronista Filó Romeiro está mostrando a todos um talento que sempre teve. Com sua crônica “A casa do Biso” nos remete às melhores recordações de nossas infâncias. Quem nunca teve uma casa de vó assim? Parabéns Filo!!!!
As histórias da Filó são sempre deliciosas de ler. Espontaneidade, sensibilidade e uma alma de avó em tempo integral.