Convivência com colegas com deficiência – como a Síndrome de Down, entre tantas outras – desenvolve empatia, resiliência, liderança e outras habilidades que serão indispensáveis no mercado de trabalho do futuro — além de ser uma potente ferramenta contra o bullying. Então, vem com gente nessa leitura!
Oi Mamães e Papais! Já pararam pra pensar em tudo o que seu filho aprende ao conviver com uma criança com deficiência, por exemplo com Síndrome de Down?
No texto de hoje, a Dra. Anna Dominguez Bohn — mãe, pediatra e pesquisadora — nos convida a refletir sobre inclusão, empatia, desenvolvimento socioemocional e até mercado de trabalho do futuro.
Você sabia que crianças que crescem em ambientes inclusivos tendem a ser mais éticas, resilientes e colaborativas?
Uma leitura poderosa, que muda a forma como enxergamos o papel da diversidade na educação e na formação dos nossos filhos. Então, vem com a gente nessa conversa transformadora!
Seu filho estuda com alguma criança que tem síndrome de Down? Se você já teve contato dentro do ambiente escolar com crianças que tenham deficiência pode ter observado os benefícios que existem para estes alunos.
Mas será que seu filho, que não tem Síndrome de Down ou outra deficiência, se beneficia de alguma forma?
Segundo um relatório do World Economic Forum, as habilidades que se esperam dos líderes do futuro são aquelas ligadas principalmente aos aspectos socioemocionais.
Os profissionais buscados pelas empresas hoje, e nos próximos 10 anos, segundo o relatório, são os que possuem pensamento criativo, resiliência, empatia, flexibilidade, auto-percepção, liderança e influência social positiva, escuta ativa, entre outras.
Adicionalmente, para poder desenvolver estas habilidades é necessário enxergar a diversidade do mundo, naturalizando as diferenças. Então, o convívio com crianças com síndrome de Down, que têm uma outra forma de interagir com o mundo, permite o desenvolvimento de tais habilidades essenciais no mundo de hoje e do futuro.
Diversos estudos realizados em diferentes escolas no mundo todo viram que esta convivência trouxe:
- uma redução do medo das diferenças humanas;
- um menor medo de pessoas com aparência ou comportamento diferentes;
- um maior crescimento da cognição social com melhorias na autopercepção;
- e maior desenvolvimento de princípios morais, éticos e pessoais.
O desenvolvimento infanto-juvenil que ocorre num ambiente inclusivo de forma contínua é uma forma potente de sedimentar essas e outras características socioemocionais — as tais soft skills que o mercado de trabalho busca.
Estudos mais recentes também demonstram que crianças capazes de enxergar melhor as diferenças de forma natural crescem com menos preconceito e maior capacidade de responder às necessidades dos outros. Isso gera também maior autoestima e sensação de pertencimento.
Podemos também entender esses benefícios como essenciais no combate ao bullying e cyberbullying dentro do ambiente escolar — um dos maiores desafios da atualidade quando falamos sobre saúde mental de crianças e adolescentes.
Por fim, estudos de pedagogia entendem cada vez mais que não há uma única forma de aprender. Escolas inclusivas, que capacitem seus professores para um olhar mais atento às dificuldades de cada aluno, adaptando sua forma de ensinar, certamente permitem um melhor aprendizado de todos.
Educar e aprender é sempre desafiador, cada um com suas habilidades e dificuldades.
Há quem nasça com alguma deficiência. Há também os que apresentam algum tipo de deficiência ao longo da vida — algo a que estamos todos sujeitos.
Em conclusão, o próprio processo de envelhecimento muda a forma de nos locomovermos, enxergarmos, ouvirmos e nos adaptarmos ao ambiente. Então, falar sobre deficiência, portanto, é falar sobre todos nós.

Sobre o Dra. Anna Dominguez Bohn (CRM 150572 | RQE 106869)
Instagram: @Dra.AnnaDominguezBohn
Esposa, Irmã da Sofia, Mãe do João, Francisco e Laura e Pediatra
- Pediatra Intensivista pela USP;
- Especialista em Síndrome de Down e Cardiointensivista pelo SickKids (Toronto);
- MBA em Gestão da Saúde (Einstein);
- Atua no Hospital Albert Einstein e é vice-presidente do Núcleo de Deficiência da SPSP;
- Atende em consultório pediatria geral e crianças com comorbidades.