Olá, moms!
Tudo bem?
Nossa colunista e psicóloga especializada em sono, Renata Soifer Kraiser, nos explica no post de hoje o papel do pai na qualidade do sono do bebê.
Confiram!
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Olá, mamães,
Hoje eu quero conversar com vocês sobre uma figura muito importante, mas pouco falada quando o assunto é desenvolvimento infantil.
O pai, ou quem faz o papel de pai, é uma figura que tem grande importância no desenvolvimento do bebê por várias razões. É ele quem corta o segundo “cordão umbilical”, possibilitando ao bebê ligar-se a outra realidade afetiva além da mãe. Ele é o primeiro representante do “mundo além” da simbiose mãe-bebê, ou seja, é por meio dele que o bebê fará o primeiro contato para além do peito e/ou mamadeira.
É o pai quem vai dizer para a mãe que aquele bebê também é dele, e vai dizer para o bebê que aquela mulher não é só sua.
É por isso que o pai é tão importante no processo de adormecer.
Para que o bebê consiga dormir, ainda que em cama compartilhada, ele precisa conseguir se desligar desse mundo, o mundo consciente, para então mergulhar no mundo do sono e dos sonhos. Um mundo que é só dele e que ninguém pode entrar além dele próprio, sozinho.
Para fazer esse movimento de desligar-se desse mundo, mergulhar no sono, para então voltar para esse mundo de forma tranquila, o bebê precisa ser capaz de desligar-se da mãe, ainda que por algumas horas, com a certeza de que no dia seguinte, ela estará ali, inteira e pronta para prover suas necessidades.
Quando o pai gradativamente rompe a simbiose mãe/bebê, por volta dos 5 meses, o bebê começa a se ligar de maneira mais efetiva ao pai e não sobrecarrega tanto a relação mãe/bebê, a ponto de ter que permanecer ligado nela ininterruptamente.
Desta maneira, podemos dizer que o pai é um facilitador do processo de adormecer.
O que usualmente ocorre com as crianças que têm dificuldade para iniciar e/ou manter o sono, é que a maneira como o vínculo acontece não abre espaço para o tempo de dormir. Os pais induzem o sono da criança, levando-a até o sono profundo, de modo que ela não tem a chance de conhecer seus próprios meios de fazer esse percurso.
O medo de traumatizar, de abandonar, de frustrar, de desligar e a culpa que os pais sentem diante do choro do bebê, fazem com que a criança se torne dependente dos indutores do sono.
Por isso que a insônia do bebê está intimamente ligada a aspectos psicológicos e não se resume a um treinamento. É importante entender como o vínculo acontece, como o os pais se relacionam, como está a psique dos pais, e muitas vezes, como foi ou como é a própria relação dos pais do bebê com os avós da criança. Como foi a infância, seu próprio processo de adormecer, seus próprios medos e compensações.
Quando o casal está em crise, também é muito comum a mãe se ligar ao bebê de maneira tal que o pai não consegue participar da relação. Ou também é natural que o vínculo mãe/filho acabe compensando a ausência do pai ou seu afastamento.
Desta maneira, é muito importante que o pai do bebê exista de fato na vida dele, participe da rotina, atue, opine, alimente, dê banho, cuide. Ser pai não se resume a pagar contas e brincar 10 minutinhos. Ser pai é muito mais que isso. É acima de tudo abrir um espaço entre a mãe e o bebê. Espaço esse que vai ajudar a criança a reconhecer o que é ela e o que é o outro. Vai ajudar o bebê a se desligar da mãe para poder dormir e também dar a ambos, mãe e bebê, tempo de vida para oxigenar a relação e depois voltar a ela de maneira mais tranquila, menos estressada, mais gostosa.
Porque a saúde mental do bebê não depende só da mãe.
Um grande abraço!
Renata
Renata Soifer Kraiser é psicóloga e Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Autora do livro “O sono do meu bebê”, ed.CMS, fruto de seu mestrado sobre este tema.
Para conhecerem melhor o trabalho da Renata, acessem: www.terapeuta.psc.br.
Telefone: 11-3031-4043
Muito interessante esse texto, Renata. Parabéns!
De fato, não havia relacionado a ideia de o pai ser um elo entre a mãe e o mundo exterior para o bebê. O que de fato faz muito sentido, porque o bebê meio que enxerga mãe um espelho durante os primeiros meses após o nascimento. Eu tive uns problemas de sono com meu filho menor e consegui resolver isso com alguns cursos voltados a pais e cuidadores de crianças. Este, por exemplo, me ajudou muito: https://www.marianazanotto.com.br/site/curso/meu-filho-nao-dorme-163.html
Não estou recebendo pra fazer isso, então não é propaganda de nada rs. É realmente um material muito qualificado e a Mariana Zanotto é uma expert no assunto!
Sou pai e já fazia meu filho dormir sem saber de toda essa importância…
Gostei muito do artigo e já recomendei para alguns pais, avós e amigos!
Num mundo onde o pai é “mero coadjuvante”, onde a educação parece ser algo exclusivo de mães e avós, é bom saber que o pai tem um papel importante.
Parabéns Renata, que Deus continue te iluminando.
E quando, por motivos diversos- internos e externos, o pai tem dificuldades de ajudar nesse processo, avós ou outros cuidadores poderiam ser bem sucedidos nesse papel de facilitadores do adormecer? Tenho uma neta que já está com um ano e 4 meses e que tem uma enorme dificuldade para dormir, acordando várias vezes durante a noite. Minha filha, insone desde que ela nasceu, ainda amamenta e dorme no quarto dela. Embora algumas vezes eu ou a babá, que vai duas vezes por semana, consigamos embalar minha neta no colo ( sob seus protestos), ela chora chamando pela mãe e acorda assim que é posta na cama.
Linnnndoooooo!!!!! Muito verdade!! Meu marido é sempre citado por meus parentes no quesito PAIZÃO, e uma de suas especia~idades é botar nossas princesinhas para dormir…
Aqui está uma nova responsabilidade que assentará que nem uma luva na personalidade do meu sobrinho Tiago. Beijinhos da tia Fatinha
A partir de que idade podemos começar a ensinar o bebê a adormecer sozinho? Como saber se ele tem essa capacidade?
Obrigada
Fernanda, não existe uma idade pre determinada, vai de cada família e de como vocês acostumaram o bebe adormecer.
O meu bebe com 6 meses não acordava mais no meio da noite para mamar e com 8 meses já adormecia sozinho no seu berço.
Porem o mesmo foi acostumado desde o primeiro dia de vida a dormir em seu espaço, talvez isso tenha ajudado bastante.Ha e outra coisa que esqueci de falar com 3 meses já dormia em seu quartinho.
Então você tem que fazer sua própria avaliação, pois para isso não existe uma receita. BOA SORTE
Bellísimo artículo, muy claro e interesante, un abrazo desde Uruguay