Hoje, trouxemos a parte 2 do blogpost sobre o TDAH em meninas. Dessa vez, iremos focamos sintomas por idade, o que fazer se achar que sua filha tem TDAH e ainda o que não dizer para crianças com esse diagnóstico.
Oi, papais e mamães! Na segunda e última parte do nosso post sobre TDAH em meninas (veja a Parte 1 aqui), viemos falar sobre como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade pode se manifestar em diferentes faixas etárias, dos primeiros anos de vida até a adolescência.
É importante lembrar que as meninas podem sim apresentar sintomas muito semelhantes aos dos meninos. No entanto, a ciência já aceita que é bastante comum que, por conta da forma como meninas são educadas e inseridas na sociedade, elas possam manifestar traços diferentes de TDAH.
Neste texto, a Twinkl vai falar um pouco sobre quais são esses traços nas principais etapas do desenvolvimento.
Sintomas de TDAH em bebês
Os sintomas de TDAH em bebês e crianças pequenas são difíceis de avaliar, pois é normal que elas sejam barulhentas, agitadas e tenham pouca capacidade de concentração.
Por isso, é normal:
- Que a criança seja excessivamente inquieta;
- Que tenha dificuldades em parar para comer ou ouvir uma história;
- Que o pequeno seja muito falante;
- Que a criança seja agitada e mude de brinquedo em brinquedo, incapaz de escolher o mais interessante.
Esses comportamentos são tão comuns na infância que se torna quase impossível distingui-los dos sintomas de TDAH. Assim, caso você decida consultar um médico, é possível que ele não vá diagnosticar sua filha até que seja possível fazer uma avaliação com segurança.
Como os sintomas de TDAH em bebês e crianças pequenas também podem ser atribuídos a outros comportamentos, pode ser interessante esperar até que sua filha tenha idade suficiente para ser avaliada de acordo com critérios de TDAH mais claros, como apresentar sintomas em mais de um ambiente (casa e escola, por exemplo).
Possíveis sintomas de TDAH em crianças
Como mencionamos no primeiro blogpost, uma menina com TDAH que está no Ensino Fundamental pode manifestar seus sintomas como sendo a “passeadeira” ou a “tagarela” da turma. Mas nem sempre será assim. Outros possíveis sintomas são:
- A menina se distrai facilmente, com os amigos, por coisas acontecendo do lado de fora da janela, objetos presentes no ambiente ou outros estímulos, como brinquedos. Essa desatenção pode fazer com que a aluna se sinta “perdida” durante a aula e, ao chegar em casa, não saiba informações importantes sobre trabalhos, dever de casa ou datas de provas.
- A menina é muito esquecida: com frequência, ela esquece casaco ou a lancheira em casa ou no carro e esquece de fazer tarefas simples que foram pedidas (seja em casa ou na escola).
- Ela parece retraída ou tem o hábito de estar sempre “sonhando acordada”. Apesar de muitas vezes ser interpretado como timidez, isso pode ser um sinal de TDAH.
- A menina é muito tagarela: é normal que algumas crianças sejam mais sociáveis do que outras, é claro. Mas o TDAH pode se manifestar na forma de uma fala que nunca se interrompe e que não tem a ver com o assunto que está sendo discutido, podendo ser um sinal de hiperatividade.
- Ela chora com muita facilidade ou parece emocionalmente sensível: pode ser que, pelas dificuldades enfrentadas com o TDAH, a criança esteja passando por meltdowns (ou colapsos, em português).
Nessa idade, os sintomas de TDAH vão se tornando mais fáceis de distinguir. Conforme vão ficando mais velhas, porém, as meninas tendem a começar a “mascarar” esses sintomas.
Se você notar algo no comportamento de sua filha nessa idade, pode ser uma boa ideia anotar esse comportamento e como ele se manifesta, onde ele costuma ocorrer e se o comportamento persiste independentemente de com quem sua filha está (como amigos, professores ou avós).
Possíveis sintomas de TDAH em adolescentes
Se você não percebeu os sinais de TDAH em sua filha quando ela era pequena, não se sinta culpado. Alguns sinais não se apresentam tão cedo, e boa parte das informações disponíveis nos ensina a ficar atentos aos sintomas apresentados pelos meninos.
Muitas mulheres estão sendo diagnosticadas apenas na vida adulta, então não se culpe por não “detectar” os sintomas mais cedo. Fique atento a partir de agora e, caso ache que sua filha pode ter TDAH, procure um psiquiatra ou neurologista.
O TDAH em adolescentes também pode ser difícil de identificar, já que por terem sido ensinadas a ficarem atentas a como são percebidas pelos outros, as meninas mais velhas tendem a mascarar seus sintomas para tentar se encaixar.
A baixa autoestima também pode tornar mais difícil para os pais se envolverem na vida das adolescentes ao tentar detectar sinais de TDAH. É melhor não demonstrar que você está procurando sinais de TDAH, pois isso pode levá-la a se sentir constrangida e a alterar ainda mais seu comportamento.
Aqui estão algumas maneiras pelas quais o TDAH pode se manifestar nas meninas:
- Fazer a lição de casa demora muito mais do que deveria. Ela esquece do que está fazendo ou se distrai com a TV, com o celular ou com qualquer coisa que esteja acontecendo, mesmo que o dever de casa seja algo bem rápido de concluir.
- Pode acontecer também de sua filha não ter tantos problemas para fazer a lição de casa ou estudar para uma prova, mas seus resultados acadêmicos frequentemente não parecem corresponder ao tempo gasto estudando.
- Ela frequentemente perde detalhes ao receber instruções, seja na hora de fazer uma receita, um trabalho solicitado pela professora ou qualquer outra coisa que você tenha pedido a ela.
- Com frequência, sua filha inicia uma nova tarefa antes de terminar o que estava fazendo antes. Ela também pode mostrar ter muitas ideias e ser bem criativa, mas nunca tem o foco necessário para realizá-las.
- Ela está sempre perdendo alguma coisa, mesmo que sejam objetos importantes como o celular, as chaves de casa ou a bolsa. A menina também esquece coisas de que pode precisar, como livros para a escola, o estojo ou roupas para a Educação Física. Às vezes, esse sintoma pode não chamar tanta atenção pelo fato de a garota ter amigos ou adultos que intervêm e buscam o que ela esqueceu.
- Ela está sempre atrasada, mesmo depois de você ter conversado com ela sobre começar a se preparar mais cedo antes de sair de casa.
- Ela acha difícil fazer ou manter amizades porque não sabe como dar continuidade às conversas ou não percebe pistas sociais muito bem.
- Pode ser que, ao invés disso, ela tenha muitos amigos, mas tenha dificuldades para fazer planos com eles porque acha difícil tomar decisões, organizar um evento ou chegar no horário combinado.
- Suas variações de humor podem ser mais exageradas em comparação com outros adolescentes. Todos os adolescentes têm mudanças de humor, claro, mas sua filha pode ir de um extremo ao outro mais rápido do que a maioria. Ela também pode ser hipersensível, ou seja, perceber um comentário casual como crítica.
O que devo fazer se achar que minha filha tem TDAH?
Se você acha que sua filha pode ter TDAH, o primeiro passo é procurar um médico. Faça anotações sobre que tipos de comportamento estão te deixando preocupado, com que frequência eles ocorrem e como se manifestam.
Você também pode pedir uma carta de professor da sua filha falando sobre como ela é na escola. Tudo isso será útil na hora da avaliação e do possível diagnóstico.
O TDAH não é uma condição simples de diagnosticar, e uma avaliação completa pode levar algum tempo. Por isso, preparar-se e saber explicar com clareza quais comportamentos da sua filha te preocupam vai ser de grande ajuda!
O que não dizer a uma criança ou adolescente com TDAH
As crianças diagnosticadas com TDAH podem enfrentar muitas dificuldades, sejam elas sociais, acadêmicas ou domésticas. É importante que os pais deem apoio às crianças e as ajudem a encontrar formas de lidar com o TDAH que funcionem para elas. É perfeitamente possível levar uma vida feliz e saudável quando se tem TDAH!
No começo, pode ser difícil saber o que dizer quando você ainda não está familiarizado com o TDAH, principalmente quando está tentando ajudar seu filho a entender coisas sobre as quais você mesmo ainda não tem certeza. No entanto, há certas frases que nunca devem ser ditas a pessoas com TDAH.
Por exemplo:
- “Você só precisa se esforçar mais.”
- “Você está apenas sendo preguiçoso.”
- “Todos nós nos distraímos, é normal. Você não precisa exagerar”
- “Você precisa aprender a se concentrar.”
- “Você vai superar o TDAH.”
- “Você não tem TDAH, você só precisa…”
- “Por que você não pode simplesmente fazer o trabalho?”
- “O que você tem?”
- “Você nunca escuta.”
Indivíduos com TDAH podem achar muitas coisas mais difíceis de fazer do que pessoas neurotípicas, que são aquelas que não têm prejuízos cognitivos. Menosprezar essas dificuldades sugerindo que quem tem TDAH pode superá-las se “tentar um pouco mais” não é apenas inútil, mas também faz com que as pessoas se sintam piores consigo mesmas.
Os pais também devem estar conscientes da tensão emocional que o TDAH pode causar nas meninas, principalmente com amizades. Elas podem precisar de apoio na compreensão de pistas sociais e também se tornar hiperconscientes de suas diferenças em relação às colegas, o que pode torná-las vítimas de isolamento e de bullying.
Por isso, é extremamente importante que os pais estejam dispostos a ouvir e a ajudar suas filhas no que elas precisarem.
Pessoas famosas com TDAH
Para finalizar, vamos mostrar aqui algumas pessoas famosas que vivem com o TDAH:
- Michael Phelps, nadador e medalhista olímpico
- Zooey Deschanel, atriz e cantora
- Adam Levine, vocalista do Maroon 5
- Simone Biles, ginasta e medalhista olímpica
Se houver o diagnóstico, que tal conversar sobre essas pessoas com a sua filha e mostrar que o TDAH não vai impedi-la de alcançar o que deseja na vida?
Este post tem caráter informativo, e esperamos que o assunto trazido nele seja útil para você. Na medida do possível, o conteúdo deste texto reflete as convenções atuais. Esteja ciente de que cada criança é diferente e que as informações podem ser atualizadas rapidamente. As informações fornecidas aqui destinam-se apenas a fins de orientação geral e podem não se aplicar a você ou sua situação específica.
Para qualquer dúvida ou diagnóstico, não deixe de consultar um psiquiatra ou um neurologista.
Texto publicado em colaboração com a editora educativa Twinkl.
Fontes: Parenting Wiki – ADHD, ADHD in girls, CHADD ADHD Newsstand, ADHD resources for parents, Famous people with ADHD, Simone Biles’ Twitter
Crédito de foto: Cortesia de Eren Li
