Hoje, Carola Videira – Co-Fundadora da Turma do Jiló – traz seu relato. Ela conta por que ter um aluno com deficiência não é um atraso para a classe, mas sim um avanço!
Oi Mamães e Papais! Convidamos a Carola Videira para se tornar colunista no Just Real Moms! E hoje, seu primeiro post é sobre a importância de ter um aluno com deficiência na sala de aula.
Cada vez mais queremos trazer informação para dentro da nossa comunidade relacionada a inclusão de crianças com qualquer tipo de deficiência. E hoje, vamos falar da Educação Inclusiva.
Ainda ouvimos mães e pais falarem frases de discriminação…mas esse tipo de pensamento, além de antigo, é errado. E você vai entender mais objetivamente por quê.
É sabido das inúmeras vantagens de se ter um aluno com deficiência na sala de aula e hoje, a Carola Videira vai te contar mais – incluindo sua própria experiência.
Para quem ainda não conhece, o programa da Turma do Jiló é elo entre vários públicos de relacionamento no contexto escolar, para tornar este espaço uma referência em inclusão e desenvolvimento para a vida de todos os envolvidos.
Queremos escola acessível, alegre e aberta para todos! E vocês!?
Temos assistido nos meios de comunicação discussões sobre a inclusão de crianças com deficiência em aulas regulares.
Muitas vezes, tomados por ideias enraizadas ou por receio de mudanças da sociedade, muitas pessoas defendem que pequenos que apresentam uma aparente limitação vai “atrasar a classe”.
A verdade, é que todos nós temos limitações e habilidades, algumas mais aparentes e outras menos.
Sendo mãe, e sendo mãe do João, um menino com deficiência, e da Maria, uma menina sem deficiência, posso afirmar com absoluta segurança que a convivência entre pessoas com e sem deficiência no mesmo espaço é uma grande oportunidade de evolução e aprendizagem para todos os lados.
Para o aluno sem deficiência, é a chance de descobrir que as diferenças existem desde cedo e para todos, mas que estão longe de invalidar sua importância e possibilidades de desenvolvimento.
São valores que a criança que não tem deficiência carregará para o resto da vida e um diferencial no tratamento às pessoas.
Na infância agimos, sem distinção de pessoas, e, por isso, as crianças têm maior potencial para desenvolver o respeito, empatia, carinho e valorização ao próximo.
O comportamento intolerante e insensível de muitos adultos é reflexo da falta de oportunidade na infância de ter visto ou aprendido com uma pessoa que para ele era considerada “diferente”.
Costumamos retratar pessoas com deficiência sempre na linha da “superação”, do “coitado”, do “diferente”.
Mas, não devemos tratá-los nem como “super-heróis” nem como “coitadinhas”. Pessoas com deficiência querem ser vistas tão somente como mais uma no grupo.
A inclusão de pessoas de diferentes características, habilidades, cores e estilos amplifica a visão de todos nós sobre o mundo.
Por mais que uma parte da sociedade relute em não olhar para as diferenças como oportunidades, a vida é composta pela pluralidade de conceitos e ideias.
E quanto mais estreitamos essa pluralidade, mais nos tornamos únicos e integrados ao mesmo tempo.
Em vez de segregar, precisamos evoluir o currículo escolar. E ainda, a preparação dos professores para que possam incluir efetivamente todos dentro de uma sala de aula.
Afirmo que é possível, pois vivi essa experiência na prática com o João, nascido com múltiplas deficiências. Sempre mantive meu filho matriculado em salas regulares.
Após a rejeição de escolas e professores, que afirmavam ser impossível o João aprender junto com outras crianças, me aprofundei nos estudos da Educação Inclusiva.
Neste período, preparamos o João para uso de uma tecnologia assistiva que o permite se comunicar através do computador. Essa comunicação é feita rastreando os movimentos dos olhos.
A minha decisão de mantê-lo matriculado na escola regular foi a mais acertada. Por meio da tecnologia, o João passou a se comunicar melhor e descobrimos que aquele garotinho já identificava as letras do alfabeto e sabia escrever seu nome.
Tudo isso com apenas 5 aninhos e apenas assistindo as aulas regulares. Meu filho me ensinou mostrando sua capacidade de aprender. Isso mudou tudo.
A didática inclusiva numa sala de aula aplicada a crianças com deficiência, como fazer revisões de aulas, ajuda a esclarecer temas que ainda eram dúvidas para muitos alunos sem deficiência, mas que eles tinham vergonha de dizer às professoras.
Veja só, até nisso um aluno com deficiência contribui para a classe!
Fundei a Turma do Jiló em 2015 com o objetivo de transformar o olhar de toda a sociedade sobre a inclusão da diversidade através da educação.
Não se trata de ter escolas especiais para pessoas com deficiência, mas garantir que nenhuma criança fique para trás, ajudando todas as escolas regulares, públicas e privadas, a serem realmente inclusivas e diversas.
Por tudo isso, eu termino com uma pergunta: ter um aluno com deficiência é mesmo um atraso ou um avanço à aprendizagem coletiva?
Por fim, se você gostou desse post, aproveite para ler sobre o livro infantil: “Jota e Chico: O primeiro livro infantil 100% inclusivo e musical“.
Por: Carola Videira, mãe do João e da Maria, e Educadora especialista em Gestão das Diferenças e Co-Fundadora da Turma do Jiló. Ela também é Mestre em Neurologia, professora e coordenadora de Pós-Graduação e membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU Brasil.