Venha entender se todo bebê precisa necessariamente passar por cirurgias do freio da língua. Estes diagnósticos têm causado muitas controvérsias.
Oi Mamães e Papais! Hoje vamos falar sobre o surto mundial de cirurgias do freio da língua.
Nosso colunista, o Pediatra e Neonatologista, Dr. Paulo Telles trouxe um texto incrível este mês explicando melhor este assunto que tantos pais têm dúvidas!
É importante sabe que nem todo diagnóstico de língua presa requer uma cirurgia!
Então, venha entender!
Desde que virou lei, o Teste da Linguinha, que deve ser feito na maternidade, passou a gerar polêmica. A verdade é que a avaliação do freio sempre fez parte do exame físico do recém-nascido.
Fazer o diagnóstico de freio lingual curto é muito importante, indicar a cirurgia de forma adequada é o grande problema.
A Sociedade Brasileira de Pediatria emitiu nota contra esta lei federal questionando o estudo que foi base para a lei, feito com apenas 10 recém-nascidos. Em um universo de quase três milhões de recém-nascidos por ano é “traço estatístico”, sem valor científico.
Salientam ainda que a língua presa apresenta mortalidade e morbidade próximas de zero. Sua presença em grau mais severo no recém-nascido “jamais irá se constituir num quadro de urgência ou emergência clínica ou cirúrgica, onde a vida ou a morte deste recém-nascido dependerá exclusivamente do Teste da Linguinha”.
A Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica alerta sobre o aumento nas indicações de frenectomia lingual na casa de 800% em todo o mundo, o que parece extremamente desproporcional.
O que mais tem preocupado é que as indicações de intervenção sobre o freio lingual têm sido direcionadas por toda uma gama de profissionais, muitas vezes a partir de problemas de adaptação à amamentação.
Sabemos sim, que o freio pode atrapalhar e aumentar o risco de desmame. Mas, muitas vezes outras causas de desadaptação, que são mais comuns, não são consideradas.
É bastante comum na experiência do dia a dia dos pediatras e cirurgiões pediátricos que o simples aconselhamento, controle de ansiedade dos pais e consulta com enfermeiros especializados em amamentação resolva questões ligadas à amamentação de forma simples e não invasiva.
Pior, muitas vezes as famílias ficam frustradas ao perceber que os problemas persistem mesmo após a cirurgia da criança, ou com a indicação de mais uma cirurgia para o mesmo problema em intervalos de semanas ou meses.
O diagnóstico de freio lingual curto é importante. Mas, o grande problema é a falta de consistência sobre como gerenciar e avaliar frênulos linguais entre os profissionais de saúde.
As características anatômicas, juntamente com a presença de comprometimentos funcionais, devem ser usadas para determinar a necessidade de uma frenotomia, não apenas a alteração do freio.
O alerta deve ficar claro! Mesmo que seu recém-nascido tenha recebido o diagnóstico de freio lingual curto, isso não significa que ele precisa operar.
Agora, atenção! Se seu bebê tem freio curto que causa problema para amamentação, como dor excessiva, fissuras e lesões mamilares que não melhoram após avaliação de profissional adequado, ou seu bebê tem dificuldade em extrair o leite e o ganho de peso está inadequado, converse com seu pediatra ou com o fonoaudiólogo.
Então, uma avaliação correta, idônea e de forma completa mostrará a real necessidade de correção cirúrgica do freio. Lembrando que, apesar da cirurgia ser simples e muito segura, não devemos submeter nenhum bebê que não tenha indicação precisa a qualquer procedimento cirúrgico.
Por fim, se gostou desse post do Dr. Paulo Telles, aproveite para ler também: “Introdução Alimentar: Veja 18 Dicas” e “O perigo do Uso de Telas na Infância“.

Sobre o Dr. Paulo Nardy Telles (CRM 109556 | RQE 93689)
Instagram: @PauloTelles
Esposo, Pai do Léo e da Nina Pediatra e Neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
- Formado pela Faculdade de Medicina do ABC
- Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP
- Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP
- Título de Especialista em Pediatria pela SBP
- Título de Especialista em Neonatologia pela SBP
- Atuou como Pediatra e Neonatologista no Hospital Israelita Albert Einstein 2008-2012
- 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura