Hoje trouxemos um post maravilhoso e super importante sobre as crianças e o perigo do uso de telas na infância, pois chegamos em um momento bem perigoso como sociedade!
Oi Mamães e Papais! Quem aí não se preocupa com o perigo do uso de telas na infância de seu(s) filho(s)?
A tela – seja celular, iPad, computador, videogame, etc se tornou grande parte da nossa vida e consequentemente, da vida dos nossos filhos.
Porém, poucos ainda falam tão abertamente sobre os INÚMEROS perigos que isto traz para o desenvolvimento e a vida das crianças.
Hoje, o nosso colunista, Dr. Paulo Telles – Pediatra & Neonatologista – trouxe um post mais do que maravilhoso, riquíssimo, supercompleto e ainda sem meias palavras para explicar para vocês abertamente sobre esse problema gigantesco.
A ideia desse post é conscientizar e não criticar nós pais pelo uso das telas, ok!?
Precisamos divulgar esta informação, juntar forças, incentivar a criação de regras e normas relacionada a este uso e entender como inserir o mundo digital de forma mais saudável e controlada nas nossas vidas – afinal nós mesmos fazemos um uso excessivo, não acham?!
Então, vamos lá! E não deixem de compartilhar esse super post do Dr. Paulo Telles com outras mamães e nos grupos de WhatsApp!
A pandemia normatizou o uso de telas. Mas, precisamos de forma urgente estabelecer limites, ter um controle de tempo e de qualidade de uso das telas.
Precisamos encarar este problema de frente, pois este é um problema de saúde pública. Talvez seja a pior Pandemia que já vivemos e estamos simplesmente aceitando este problema.
As primeiras experiências de vida afetam a qualidade da arquitetura cerebral da criança, estabelecendo uma base sólida ou frágil para todos os eventos de aprendizado, saúde e comportamento que se seguirá ao longo da vida do seu filho.
Durante o primeiro ano de vida as sinapses do cérebro de uma criança aumentam mais de 10x.
Por volta de 2-3 anos uma criança tem cerca de 15 mil sinapses por neurônio.
Nos primeiros 3 anos o cérebro cresce e se desenvolve tanto que seu tamanho aumenta 3x. As conexões aos 3 anos são mais altas que em qualquer outro momento da vida.
As partes do cérebro associadas às funções mais básicas do ser humano amadurecem precocemente, como as partes motoras e sensoriais.
Na infância o cérebro forma e molda vias ou redes responsáveis por organizar as mais diversas funções cerebrais.
O cérebro tem um mecanismo para estabelecer o que vai ser útil ao longo da vida e prioriza certas conexões, e se livra de outras conexões em seu período evolutivo.
Por que isso é importante?
Porque a criança precisa de experiências ambientais, emocionais, afetivas, de relação interpessoal, socialização e interação, para refinar seus circuitos, construir ligações e fortalecer as mais adequadas e necessárias.
Uma criança que faz música, desenha, faz esportes, explora o espaço ao ar livre, recebe afeto, troca olhares. Ela recebe atenção de seus pais e familiares, tem mais conexões neuronais, mais desenvolvimento cerebral e constrói uma arquitetura neurológica mais forte.
Por outro lado, a mesma criança ao ficar sentada na frente das telas, jogando games, assistindo YouTube, TikTok, desenhos infantis, vídeos de pessoas jogando jogos ou abrindo brinquedos terão estas células e conexões como prioritárias.
Estas sobreviverão em detrimento de outras essenciais para convívio social saudável e desenvolvimento da inteligência.
Entenda que não existe benefício neurológico nenhum no uso das telas quando comparamos com a vida real. Não se iluda ou se engane com nomes bonitos, músicas agradáveis.
As telas são “lobos com pele de cordeiro”.
O cérebro precisa em seu início de experiências positivas como falar, acariciar, ler, cantar, brincar em diferentes ambientes.
Tudo isso constrói uma base para desenvolvimento da atenção, da cognição, da memória, das habilidades sensoriais, motoras e socioemocionais, que ajudarão a criança a alcançar seu melhor potencial mais tarde.
Estamos perdendo uma geração. Estamos permitindo que os cérebros das crianças sejam contaminados, atrofiados e dilacerados sem sequer nos incomodarmos. Mas, a indiferença frente a este equívoco é desesperadora para quem estuda este assunto.
Aceitamos o uso sem limites de celulares, tabletes, jogos inadequados, apps viciantes, redes sociais e vídeos infinitos sem nenhuma discussão adequada. A maior parte dos pais nem tem ideia que os jogos, programas e séries tem classificação etária indicativa por razões importantes e não só “para constar”.
Aplicativos e jogos com aspecto inocente muitas vezes são extremamente associados a geração de ansiedade, violência, depressão, transtorno de sono, de alimentação, irritabilidade e vício/adição.
As redes sociais aumentam a incidência de Bullying, distorção de imagem, sexualização precoce, comportamentos autolesivos, indução e riscos de suicídio.
Sem falar de problemas visuais, auditivos e posturais.
Tudo isso sem nenhum controle do poder público, sem legislação. E, pior, sem nenhum controle dos pais, ambos responsáveis teóricos pela proteção das criança.
Muitos pais até tem consciência de todos esses aspectos, mas a tarefa de colocar limites dá tanto trabalho e gera tanto conflito que acabam desistindo. Também tem aqueles fiéis as recomendações e restrições, mas sentem que os filhos são excluídos do meio em que vivem.
Os malefícios estão cada vez mais documentados em estudos.
Crianças expostas a uso de telas antes de um ano tem maior risco de autismo aos 3 anos de idade.
Estudo canadense com crianças menores de 5 anos que foram expostas a mais de 2 horas de tela ao dia, tiveram 7x mais déficit de atenção e hiperatividade.
É normal que a criança tenha uma sensação de vazio, uma vontade de querer sempre mais. Isso precisa ser trabalhado, precisamos estimular este amadurecimento com bons estímulos, atenção, afeto, tolerância a frustração e socialização.
Infelizmente, os jogos e aplicativos infantis usam esta imaturidade para que a criança fique cada vez mais presa as telas. São bases de neurociência usadas para se aproveitar da vulnerabilidade do cérebro infantil. É perverso e lucrativo.
Precisamos ser capazes de entender o que nossos filhos estão sentindo e estamos perdendo esta condição. Temos este papel. Precisamos ocupar este vazio com atenção, carinho, brincadeiras. E, às vezes, os pais estão simplesmente cansados demais ou envolvidos demais nos próprios dispositivos eletrônicos para isso.
Se também estamos sugados pelo trabalho e principalmente pelas telas, por jogos, redes sociais fica impossível conseguir ter esta crítica e ajudar nossos filhos.
A criança precisa elaborar o que está sentindo. Sem ajuda de um adulto capaz de ouvi-lo, capaz de enxergar as demandas da criança, isso é impossível.
Mesmo com toda nossa maturidade neurológica também temos dificuldade em conseguir circular por este mundo virtual de forma adequada. E na hora certa conseguir voltar para casa, a nossa verdadeira vida, voltar as nossas famílias de forma inteira, se dedicar ao mundo real que realmente importa – sem ficar olhando o celular a cada minuto, vendo e-mails, WhatsApp ou redes sociais – e cada vez menos olhar nos olhos dos nossos filhos e das pessoas que amamos.
Então, imaginem a dificuldade da criança, com cérebro ainda em desenvolvimento, imatura emocionalmente. Ela está muito mais exposta às adversidades do mundo virtual e é muitas vezes incapaz de diferenciar um mundo do outro.
Criticar seu filho para os outros, pois ele fica no quarto fechado jogando, nas redes sociais ou sem sair do celular, sem ser capaz de oferecer possibilidades terapêuticas de afeto só complica a situação.
Hoje em dia a verdade é que faltam palavras afáveis, atenção, carinho e um abraço, o celular é o cala a boca, a babá eletrônica que permite que você descanse, enquanto seu filho está perdido no mundo virtual, deteriorando sua saúde e o desenvolvimento neurológico bem na sua frente.
E pior que este ciclo, torna a tela na infância mais necessária para a criança, como uma fuga, criando ainda mais dependência.
Temos que encarar as telas como uma droga, porque os efeitos neurológicos podem ser tão catastróficos para um cérebro em desenvolvimento quanto o uso de cocaína e heroína.
Precisamos encarar os jogos, vídeos e redes sociais desta forma.
Um problema em relação a conscientização dos pais é porque fazemos o mesmo. Estamos dando este mal exemplo o tempo todo, temos dificuldade em controlar o próprio uso. Assim, de forma inconsciente, negamos que é um grande problema porque todos fazem, porque é o normal.
Aceitar que este problema afeta toda nós, é o início da mudança.
Ninguém respeita a idade indicada nos apps. Veja o exemplo do TikTok – só deve ser usado por maiores de 12anos. No entanto os pais pouco se importam com está indicação, não proíbem afinal todos os amigos usam. Por que eu tenho que ser o chato?!
Atenção! Você não é o chato, você é o correto. Não normatizemos o erro alheio, a falta de discernimento dos outros pais.
E também, como na droga, faz parte do processo do adoecimento a negação, racionalização e minimização do problema. Você pode estar agindo assim, abra os olhos!
Irritabilidade, agitação, agressividade, impulsividade, esquecer de comer, de ir ao banheiro, ficar sem dormir direito.
Veja se a vontade de usar é tão intensa que a capacidade de reprimir é diminuída, veja se ele só pensa nisso, só fala sobre isso.
Todos estes sintomas que citei são sintomas da adição, do vício do uso de drogas.
Perceba que são sintomas exatamente iguais ao do uso excessivo de telas, que talvez seu filho já tenha.
Precisamos urgentemente de uma legislação mais forte e detalhada!
Precisamos encarar as telas na infância, jogos, redes sociais, celulares nas escolas, como um problema da sociedade, problema de saúde pública.
Mesmo sabendo de seus benefícios para sociedade, a tecnologia, como toda droga ou remédio, pode ter efeito terapêutico, benéfico ou pode fazer mal, até matar. A diferença está na dose ou na forma que usamos. Isso que precisa ser melhor estabelecido.
Ou criamos regras bem definidas para o uso, ou colheremos os piores frutos possíveis para nossa sociedade quando esta geração crescer.
Uma geração sugada pelas telas azuis, pautada pelos likes, por dancinhas, pelo cyberbullying, pelo acesso a jogos viciantes, violência exagerada e livre, pela superexposição, pelo consumo exagerado e sem controle.
E ainda, pelo acesso a pornografia, pela falta de capacidade de esperar, pelo imediatismo e a impossibilidade de se frustrar ou de ter limites.
Somos nós os responsáveis por este controle, por esta mudança!
Pais, pediatras, neurologistas, sociedade civil, poder público precisam se unir e discutir este problema de forma ampla, aberta, sem preconceitos, julgamentos e de forma emergencial.
Estamos perdendo nossos filhos para o benefício de super empresas que estudam os cérebros das crianças para criar aplicativos e jogos que os deixem mais dependentes, burros, incapazes de pensar de forma racional. E ainda, que só visam lucro, sem pensar em quanto são prejudiciais.
A verdade é que estamos perdendo nossos filhos para as telas, estamos silenciosamente deixando que esta geração seja usada, com prejuízos incalculáveis.
Vocês saibam que quem cria este mal, não permite que seus próprios filhos usem!?
Deixando ainda mais claro a falta de escrúpulos…
Sem dúvidas precisamos de um esforço de política pública e social para controlar as telas na infância e em geral. O seu uso é importante, é absolutamente necessário, mas um controle adequado é preciso.
O desafio é encontrar o equilíbrio, porque proibir é impossível. Temos que evitar o uso excessivo, criar regras e normas que sejam respeitadas.
Precisamos deixar claro os malefícios e prejuízos e conscientizar a todos que a mudança tem que iniciar dentro de casa.
Mas precisamos, sem dúvidas, de ajuda do poder público e da sociedade civil para que consigamos proteger está Geração Internet e super conectada, porque este equilíbrio selará nosso futuro como sociedade.
Beijos,
Dr. Paulo Telles
Por fim, se você gostou desse post sobre perigo do uso de telas na infância, aproveite para ler também: “Youtube: Como deixar suas crianças seguras?“, “A importância de praticar esportes na infância” e “6 Benefícios da leitura em família para as crianças“.
E ainda, se você ainda está interessada no tema Tela para Crianças, conheça um curso online incrível, com a Malu Toledo do Conexões Pedagógicas chamado “Uso Consciente da Tela“.
E lógico, não deixem de compartilhar esse super post do Dr. Paulo Telles com outras mamães e nos grupos de Whatsapp!

Sobre o Dr. Paulo Nardy Telles (CRM 109556 | RQE 93689)
Instagram: @PauloTelles
Esposo, Pai do Léo e da Nina Pediatra e Neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
- Formado pela Faculdade de Medicina do ABC
- Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP
- Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP
- Título de Especialista em Pediatria pela SBP
- Título de Especialista em Neonatologia pela SBP
- Atuou como Pediatra e Neonatologista no Hospital Israelita Albert Einstein 2008-2012
- 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura
Dicas maravilhosas…obrigada.
Muito bom!!!