segunda-feira, 20 outubro, 2025

Adolescência é um chamado à presença

Adolescência não é só caos hormonal. É um chamado silencioso — e urgente — por presença, escuta e conexão. Temos conseguido escutar o que eles ainda não sabem dizer?

menina adolescente sofrendo bullying na esscola

Oi Mamãe e Papais! A adolescência é um território complexo — para quem vive e para quem educa. Mas e se, em vez de temer essa fase, a gente aprendesse a atravessá-la com mais presença e escuta?

Neste texto potente da Adriessa Santos, diretora de educação da Turma do Jiló e especialista em neurociência aplicada à educação, você vai descobrir por que o cérebro adolescente passa por uma verdadeira reconfiguração e como isso afeta emoções, impulsos e decisões.

A partir da série britânica Adolescência (Netflix), Adriessa nos convida a refletir sobre temas como masculinidade tóxica, redes sociais, bullying e a ausência de diálogo entre gerações.

Uma leitura essencial para pais, mães, educadores e cuidadores que desejam apoiar os jovens com mais empatia, limites saudáveis e, acima de tudo, presença.

Porque antes de respostas prontas, eles precisam saber que estamos ali — de verdade.


Desde a estreia, a minissérie britânica Adolescência, disponível na Netflix, tem provocado reflexões. A história acompanha Jamie, um garoto de 13 anos acusado de um crime e chama a atenção pela forma como se aproxima da realidade.

Ao abordar temas como masculinidade tóxica, bullying, uso excessivo das redes sociais e a ausência de diálogo entre adultos e jovens, a produção nos conduz a olhar para o modo como estamos (ou não estamos) cuidando dessa geração.

As atitudes dos personagens nos lembram que, muitas vezes, o silêncio do adolescente é reflexo do silêncio dos adultos — e que ignorar os sinais pode ser tão perigoso quanto qualquer ato impulsivo.

Essa é uma fase que costuma despertar angústias para quem vive e para quem educa. E se ao invés de temer esse período, pudéssemos compreendê-lo melhor? Mais do que nunca, precisamos de informação, escuta e presença. Esse texto é um convite a isso.

Adolescentes usando celular na escadaria da escola

O que é a adolescência?

Durante muito tempo, acreditou-se que o cérebro estaria praticamente “pronto” ao fim da infância e que os comportamentos adolescentes seriam fruto exclusivo da ação dos hormônios. Hoje, a neurociência mostra outro caminho: a adolescência é, na verdade, um grande período de reorganização cerebral.

Segundo a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel, o cérebro do adolescente passa por profundas transformações que afetam diretamente o comportamento. O sistema de recompensa muda, o tédio se intensifica, a busca por novidade e risco se tornam uma marca – e isso tudo é parte do processo. É assim que o cérebro vai se desprendendo dos prazeres da infância e se preparando para a vida adulta.

Isso significa que, nesse período, é comum que ele:

  • busque experiências de risco ou desafios mais intensos,
  • expresse emoções com mais intensidade,
  • tome decisões impulsivas, sem pensar nas consequências.

Mas há um detalhe importante: enquanto o impulso para explorar o mundo se intensifica, a área responsável por tomada de decisões e antecipação de consequências (o córtex pré-frontal) ainda está em construção e pode levar quase uma década para amadurecer.

A série Adolescência mostra esse descompasso entre impulso e responsabilidade, entre autonomia e maturidade. E mais: convida a pensar sobre o papel da escola, da família e da sociedade frente a temas urgentes como o bullying, o uso das redes sociais e a masculinidade tóxica.

Criar espaço de conversa, ensinar o respeito às diferenças, acompanhar o uso das redes, saber o que (e com quem) nossos filhos estão falando. A escola pode ser parceira, mas não substitui o cuidado do lar.

A escuta sensível dentro de casa pode ser determinante. Muitos adolescentes não contam o que sentem por medo de julgamento. Sentem-se sozinhos mesmo cercados por adultos. Por isso, mais do que respostas prontas, o que eles precisam é de presença — alguém que possa dizer, com o corpo e com as palavras: “Estou aqui”.

meninas adolescentes deitadas na cama todas vendo celulares

O que mais podemos fazer?

Embora esses comportamentos façam parte do processo de amadurecimento, há formas de apoiar esse desenvolvimento:

#1 Permita riscos saudáveis, oferecendo oportunidades para que seu filho explore o novo com segurança. Atividades como esportes, aventuras moderadas e novos desafios ajudam na construção da identidade e no caminho para a autonomia.

#2 Apoie a expressão das emoções por meio da escrita, do desenho, da música ou da prática de esportes.

#3 Converse sobre escolhas e consequências, encoraje seu filho a pensar sobre o que pode acontecer, tanto de positivo quanto de negativo, antes de agir. Tomar decisões em conjunto fortalece o senso de responsabilidade.

#4 Rotinas oferecem uma base segura em meio às turbulências da adolescência, portanto valorize-as. Ter horários para estudar, se alimentar e descansar ajuda a dar previsibilidade aos dias.

#5 Estabeleça limites com diálogo. Os adolescentes precisam de limites claros – mas também de espaço para questionar e negociar. Essa troca fortalece o vínculo e desenvolve habilidades de argumentação e escuta.

#6 Elogie, reconheça e valorize atitudes responsáveis e respeitosas. Cada reforço positivo ajuda a consolidar caminhos relacionados à autoestima e ao autocontrole.

#7 Seu filho observa você mais do que imagina. Demonstrar atitudes, valores e comportamentos que você considera importantes é muito mais válido do que qualquer sermão.

#8 Interesse-se pelos amigos e hobbies do seu filho. Estar por perto, sem invadir, faz toda a diferença. Um adulto acessível e presente transmite segurança.

A adolescência é uma fase cheia de possibilidades, mas para isso é preciso segurança, limites e de adultos que saibam que errar faz parte do caminho.

Ver os quatro capítulos da série pode ser um ponto de partida, mas o verdadeiro ponto de virada está nas conversas que ela provoca entre famílias, cuidadores, professores e jovens.

A adolescência é um chamado à presença.


Por fim, se gostou desse post, leia também: “Adolescentes e os Códigos dos Apps: O que precisamos saber?” e “Adolescência e Bullying: Não podemos mais adiar essa conversa“.

Ah, e deixe o seu comentário ou relato logo abaixo para iniciarmos uma conversa sobre esse tema!


Sobre a Autora:

Adriessa Santos é Diretora de Educação da Turma do Jiló e estuda as contribuições da Neurociência para a Educação ao longo dos últimos anos. Ambas as áreas fazem parte da sua formação acadêmica e atuação profissional. É doutoranda em Educação, mestre em Neurociência, especialista em Inclusão da Diversidade e Coordenadora da pós-graduação em Neurociência na Escola pelo Instituto Singularidades.

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