terça-feira, 21 outubro, 2025

A guerra da cantina nas escolas: a ponta do iceberg de um problema social

Inclusão não é só sobre pessoas com deficiência, e sim sobre acomodar todas as diferenças que nos fazem únicos. Hoje vamos falar da guerra da cantina nas escolas e da alimentação dos nosso filhos.

A guerra da cantina nas escolas a ponta do iceberg de um problema social Carola Videira Turma do Jiló Just Real Moms

Oi Mamães e Papais! Quem aí já participou de discussões com a escola ou nos grupos de Whatsapp das mães e pais falando da alimentação oferecida na cantina nas escolas?

Hoje a nossa Colunista, Carola Videira – fundadora da Turma do Jiló – traz uma análise super importante e que vale ser compartilhada.

Aproveite e conte para a gente nos comentários no final do post, se já passou por algo assim.


Nas escolas públicas, a merenda costuma ser motivo de comemoração. Num Brasil de profunda desigualdade e pobreza, muitas vezes a comida servida ali é a melhor refeição do dia das crianças, quando não a única.

Políticas públicas mais recentes melhoraram a variedade e qualidade dos alimentos, garantindo alguma segurança alimentar para as crianças.

Na escola privada, em geral, a definição do cardápio da cantina é motivo de guerra e expõe a falta de senso democrático.

Recebo muitos relatos em todas as escolas onde atuo e, recentemente, passei pela mesma triste experiência na escola da Maria, minha filha. Pais descontentes com o serviço de alimentação geram frequentemente a troca dos padrões e fornecedores.

Não quero discutir aqui a questão da nutrição ou da qualidade em si, mas a falta de um agir coletivo no ambiente escolar privado no momento das escolhas. Um verdadeiro problema profundo e grave nesse grupo.

A nossa escola servia uma boa variedade de comida, farta e saudável, com a supervisão de adultos que ajudam os jovens a fazerem boas escolhas na hora de comer.

A reclamação barulhenta de alguns poucos sobre uma suposta falta de qualidade acabou forçando a escola a mudar tudo pela enésima vez. Como resultado, foi criada agora uma estação de lanches nada saudáveis que obviamente seduz a molecada.

Muitos ficaram sem entender, poucos falaram o que pensavam.

Grupos descontentes e reclamações barulhentas sempre vão existir. Isso não me assusta, é parte do jogo.

O que me assusta é o silêncio da parte que discorda e não se posiciona por conveniência, favorecendo reivindicações sem sentido ou base real. Escolas que priorizam o lucro ou equilíbrio econômico tendem a acatar a demanda dos barulhentos para não perder matrículas.

E assim, escolas e famílias acabam vivendo sobre a ditadura de quem grita mais.

Como um microcosmo da sociedade, a Escola é e precisa ser sempre vivida como uma comunidade, onde a democracia, o diálogo e a ciência devem balizar as decisões.

Mesmo dentro de um ambiente privado, com preocupações econômicas, não podemos abrir mão desses princípios. Afinal, é um ambiente coletivo e plural por natureza.

Filho de ninguém estuda sozinho na escola, ele faz parte de um grupo. Nem tudo se resolve no “eu estou pagando, então quero assim”, aliás, acredito que nada que siga esse caminho seja positivo em qualquer ambiente.

Acredito que mecanismos mais democráticos têm o poder de ajudar as escolas a se tornarem ambientes inclusivos, abraçando toda a diversidade de culturas familiares que fazem parte da comunidade.

Lembrem que inclusão não é só sobre pessoas com deficiência, e sim sobre acomodar todas as diferenças que nos fazem únicos.

De fato, existem concepções diferentes do que é uma boa alimentação para nossos filhos, mas é preciso agir de forma menos egoísta e entender os limites que o ambiente coletivo pode alcançar para funcionar bem.

Entendo que muitos estão cansados e sobrecarregados, mas dos pais em silencio é preciso energia. Democracia exige participação regular e consciente.

A comunidade escolar só funciona quando todos estão engajados no seu funcionamento saudável, fazendo cada um a sua parte.

No final, a guerra do que oferecer na cantina é só um sintoma da falta de organização e debate plural sobre o primeiro estágio da experiência de vida em sociedade dos nossos filhos.

Que exemplo estamos dando a eles se não entramos em acordo sobre uma refeição?


Por fim, aproveite para ler também: “O poder da comunicação: Conflito de gerações” e “Por que a educação é uma tarefa majoritariamente feminina?”.


Crédito: Cortesia de Yan Krukov

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1 COMENTÁRIO

  1. Bom texto e penso que esbarra nas dificuldades das pauta identitária. Essa geração que agora é pai/mãe é das que mais valoriza a “escolha individual”. Se por um lado, isso é ótimo, porque poucos se incomodam se alguém tem tatuagem, é vegetariano, ou é LGBT… os limites das nossas escolhas acabam necessitando de negociação. Temos de lidar com mães que pedem que a escola passe ao veganismo, e simultaneamente com mãe que não quer restrição nenhuma, inclusive quer que a filha possa distribuir bolacha oreo para todos os colegas no recreio. Escola é construção coletiva. Sociedade idem.
    Carlos Lavieri – Colégio Itatiaia

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