Oi, meninas! Tudo bem?
Todos os irmãos passam por períodos de brigas. Apesar de saber que isso é bem normal de acontecer, acredito que nós, mães, precisamos saber como devemos nos comportar perante esses episódios!
Esse é o tema do texto de hoje da nossa colunista, a psicóloga Carla Poppa!
Espero que gostem.
Beijos
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Como lidar com as brigas entre os irmãos?
Os conflitos e as brigas entre irmãos são acontecimentos que fazem parte do desenvolvimento das crianças. Isso porque com o tempo, elas vão aprendendo a perceber seus desejos e a expressá-los e, muitas vezes, os desejos que os irmãos expressam nas suas interações podem ser diferentes.
É compreensível que essas situações desencadeiem algumas brigas até que as crianças aprendam a fazer concessões ou a pensar em uma solução criativa que atenda o desejo dos dois. Para tanto, é importante que os pais atuem quando os conflitos surgem para promover uma mediação, identificando as diferentes vontades dos irmãos (porque as crianças precisam aprender que o desejo do outro pode ser diferente do dela) e propondo soluções justas e criativas para que, aos poucos, elas possam ter essas ideias por conta própria.
No entanto, às vezes as brigas entre os irmãos são tão agressivas que impedem a possibilidade dos pais fazerem essa mediação. Em alguns casos, quando os pais tentam identificar o motivo da briga e a diferença entre as vontades das crianças que desencadeou o conflito, eles percebem que os irmãos estão tomados pela raiva e ficam mais preocupados em ofender e agredir um ao outro do que em expressar o que desejam fazer. Nesse contexto, as crianças ficam impedidas de aprender com essas situações e as brigas vão se acumulando, desgastando todas as pessoas envolvidas. Por isso, quando as brigas agressivas entre os irmãos se tornam um evento recorrente, é preciso parar para repensar a maneira de lidar com essas situações e tentar evitar que comece a se instalar um ciclo vicioso nas relações familiares.
Nesses casos, é importante que os pais saibam que se a criança sente raiva diante de um acontecimento, mas não consegue identificar e/ou expressar esse sentimento, a raiva permanece com ela e as brigas com o irmão podem ser uma maneira de encontrar algum alívio diante do incômodo que o contato com esse sentimento pode provocar. Por isso, é importante que os pais deixem de focar a sua atenção e energia nos momentos em que as brigas acontecem e se coloquem no lugar da criança, para tentar identificar o quê na dinâmica familiar está provocando raiva no(s) seu(s) filho(s).
Os fatores que podem provocar raiva na criança dentro do contexto familiar variam bastante. É possível que alguns pais, mesmo sem perceber, acabam passando para o filho a mensagem de que uma criança obediente não chora, nem fica irritada, por exemplo. .ssa postura faz com que ela se sinta oprimida, sem espaço para expressar seus sentimentos. Nesses casos, as explosões de raiva na relação com o irmão podem funcionar como uma compensação na busca por um alívio. É possível também que a relação dos pais com a criança seja conduzida pela crença autoritária de que ela deve obedecer o que lhe é dito, sem que seja oferecido espaço para que possa questionar e entender o sentido das regras, tampouco para expressar os seus desejos e sentimentos. Nesses casos, a criança se sente incompreendida e injustiçada pela forma como é tratada e a raiva que sente, na verdade, é provocada pelos pais. Mas como essa relação não oferece espaço para a expressão dos seus sentimentos, ela os expressa na relação com o irmão. A raiva que a criança sente do irmão também pode ser provocada por ciúmes. Muitas vezes, seja por uma maior afinidade ou por terem nascido em momentos diferentes, é possível que um filho tenha usufruído de uma maior disponibilidade afetiva e tenha conseguido construir uma relação de maior intimidade com os pais. Nesses casos, o filho que não usufrui da mesma intimidade, sente-se rejeitado e oscila entre os sentimentos de culpa (por acreditar que fez algo errado para não merecer a mesma atenção) e raiva (quando se sente excluído da relação).
Apesar dos motivos que desencadeiam a irritação na criança serem variados, podemos perceber que na maioria das vezes, quando existem brigas agressivas e recorrentes entre os irmãos, os pais precisam repensar a maneira como eles próprios se relacionam com seus filhos. Para isso, é importante que concentrem a sua energia e atenção para tentar construir uma relação com os filhos de intimidade que ofereça espaço para que eles possam expressar seus sentimentos.
Nesse sentido, passar um tempo conversando ou fazendo alguma atividade divertida com cada um dos filhos e demonstrar interesse não apenas no que a criança faz, mas também em como ela se sente pode ajudar bastante. Quando esse tipo de relação se estabelece, a criança sabe que pode recorrer aos seus pais quando sentir raiva para expressar a sua irritação, e a atenção e o respeito que recebe a ajuda a se acalmar e a superar esse sentimento. Assim, ela não irá carregar a raiva para as interações com os irmãos e essas experiências ficam livres não só para que eles possam aprender a lidar com os momentos em que suas vontades são diferentes como também, para que uma relação de amizade possa ser construída.
Carla C. Poppa
CRP: 06/69989
Psicóloga Clínica
http://carlapoppa.blogspot.com