Olá, moms!
Tudo bem?
Aqui no blog, temos uma sessão especial para textos das nossas leitoras, por isso o post de hoje foi escrito pela Marcela Barbeita, uma jornalista “apaixonada por contar histórias”.
Ela já nos enviou outro texto (“Ei, você sem filhos”) falando sobre a maternidade, sua realidade há pouco menos de um ano. Seu pequeno, o Joaquim, é também sua maior inspiração para a escrita – e isso fica visível em suas palavras lindas.
Confiram!
Você tem noção do quanto eu te amo?
“Filho, será que você tem noção do quanto eu te amo?”. Fiquei algumas horas pensando nessa frase, dita pelo meu marido ao pequeno durante um café da manhã. A relação que os dois começavam a construir era algo que me emocionava desde sempre. Ali, durante algum tempo, lembrei da minha gravidez, dos nossos sonhos imaginando como o bebê seria e da emoção que foi saber que esperávamos um menino.
Naquela manhã, percebi que ele não era nem de longe mais um bebê. Seus quase dois anos já carregavam um semblante de rapaz crescido, determinado e com uma personalidade bastante forte para a pouca idade. Era como se todo clichê de mãe começasse a fazer sentido: meu menino havia crescido! E, caramba, eu não estava preparada pra isso!
Aos poucos, a relação de dependência extrema comigo diminuía e a demanda excessiva, que eu julgava nunca ter fim, abria espaço para relações mais intensas que ele começava a cultivar, fosse com os avós, as professoras da creche ou com o próprio pai. E foi aí que toda contradição que a maternidade traz cismou em aparecer.
Desconfio que esse sentimento faça parte de algum hormônio desencadeado pela gravidez. Tipo estrogênio, progesterona, contradição e culpa. Imagino os quatro andando de mãos dadas, silenciosos, numa tentativa cruel de enlouquecer a pobre mãe, seja ela marinheira de primeira viagem ou já velha de guerra nessa estrada insana.
Duvido que você tenha passado um dia sequer sem se sentir culpada, sem ter vontade de sumir depois de uma noite em claro, mas, ao mesmo tempo, com a coragem suficiente para chegar somente até a porta da sala. Eu, pelo menos, ando em busca desse equilíbrio faz tempo.
Lembro como se fosse hoje das vezes em que ele chorava, abraçado a mim, como se implorasse para não entrar na creche. Lembro também do dia em que ele sequer me acenou com um tchau, soltou minhas mãos todo seguro de si e entrou na salinha praticamente dispensando minha atenção. Ainda seguro aquela lágrima, contida pela tentativa de precisar parecer forte, mesmo querendo dar meia volta e parar o tempo por alguns instantes.
Talvez eu nunca encontre um meio termo entre a alegria por vê-lo ganhar o mundo e a vontade de limitar esse mundo aos meus braços. Talvez eu ainda tenha que conter muitas lágrimas, tentando segurar a emoção por vê-lo partir e o vazio no peito pela saudade sentida.
Até lá, só me resta seguir meu caminho, aceitando que, por trás desses momentos tão contraditórios, se esconde a lição mais clichê da maternidade. Por isso, ando aprendendo a aproveitar cada minuto sem pensar muito no amanhã, afinal, a única certeza que tenho é a de que esse tal de tempo vai passar mais rápido do que eu gostaria.
Você também gostaria de compartilhar um texto seu com as leitoras do Just Real Moms? Envie para a gente!
Que lindo, que delicado, que verdadeiro! Tradução perfeita dos sentimentos contraditórios que carregaremos para sempre com a tal maternidade! A nossa melhor viagem, sem sombra de dúvidas! Parabéns, Marcela, pelo belíssimo texto! Felicidades todas para você e seu pequeno!