sábado, 6 setembro, 2025

Sobre o tempo – por Marcela Barbeita

 

Olá, moms!

Tudo bem com vocês?

Quem nos acompanha aqui no blog, sabe que temos um espaço para as nossas leitoras escreverem seus textos e compartilharem seus sentimentos com outras mães, afinal, quanto mais apoio no mundo materno, melhor!

A nossa querida leitora, Marcela Barbeita, que escreveu o post de hoje (e já havia escrito o texto “Ei, você sem filhos”), falou um pouco sobre ela:

“Sou uma jornalista apaixonada por contar histórias e, há pouco mais de um ano, embarquei na viagem mais insana e deliciosa da minha vida: ser mãe. Hoje, meu Joaquim me inspira a escrever cada vez mais, falando dessa vez sobre personagens bem conhecidos: nós dois!”

Nós amamos o texto e aposto que vocês também vão se deliciar com essa leitura!

 


 

Sobre o tempo

Sobre o tempo - por Marcela Barbeita

 

A noite havia sido um terror, estávamos praticamente em claro, com um choro e uma demanda excessiva que não conseguia entender. Àquela altura, no auge do cansaço, não queria mais estar disponível a qualquer outra pessoa que não fosse eu mesma. Não tinha mais paciência, compaixão e empatia para lidar com aquilo. Não compreendia o porquê de tanto choro, que a cada hora se tornava mais estridente e incessante.

Meu marido tampouco conseguia ajudar, perdido entre a criança e a mãe, sem saber como e quem atender primeiro. A maturidade que eu conquistara naquele breve período como mãe também estava sendo colocada à prova. No fundo, eu sabia o que estava acontecendo. Minha recente volta ao trabalho, as tão sonhadas horas de liberdade e a desejada independência ressurgindo aos poucos. Isso tudo fazia com que ele me pedisse justamente o que havia perdido: minha atenção e presença constantes.

Uma parte de mim ainda tentava se concentrar naquele instante, sabendo que a solução passava por acolhimento, aconchego. Mas o cansaço impede seu raciocínio, muda sua perspectiva e a leva pra outro nível. Eu ali, querendo sair pela porta e não voltar mais, e ele querendo apenas meu colo, seu porto seguro, tirado à força por circunstâncias que seus poucos meses não permitiam compreender.

Não sei dizer como o choro parou. Foi de repente, enquanto eu me via também aos prantos, abraçada a ele, pedindo para que aquilo acabasse logo. Talvez ali, meio sem querer, minha fragilidade tenha dado o recado, mostrando para nós dois que eu também tinha medo e que, mesmo sem admitir, eu também sofria pela nossa separação.

O silêncio que aparecia pela primeira vez naquela madrugada enchia meu peito de uma sensação até então desconhecida, uma espécie de conforto. Era como se o colo que ele tanto me pedia tivesse sido dado para mim. Sem perceber eu havia estabelecido entre nós uma conexão que só acontece quando a gente se entrega e se permite viver o momento e não lutar contra ele.

Dormimos abraçados, já exaustos pelo avançar das horas em claro, com ele procurando minhas mãos, entrelaçando seus dedos aos meus, tentando me mostrar que tudo ficaria bem. Lembro de ter acordado com a claridade que invadia o quarto e vi como ele dormia pesado, numa respiração profunda.

Por um instante, quis parar o tempo. Logo eu que procurei tanto adiantá-lo, eu que tantas vezes quis de volta minha liberdade perdida, naquele momento só queria estar ali, como se nada mais importasse, como se eu tivesse a certeza de que aquele abraço um dia não seria mais tão meu.

 


 

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2 COMENTÁRIOS

  1. Nossa!!!! Que texto espetacular de uma vivencia única, que tantas nós mães vivenciamos e nem sempre nos damos conta das conexões que estabelecemos com nossas crias com tanta lucidez e emoção ao mesmo tempo!!Lindo depoimento!!Que entre você e Joaquim haja luz e crescimento sempre! Felicidades e parabéns, Marcela! Beijo grande!

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