terça-feira, 9 setembro, 2025

Por que amamentar causa tanta ansiedade nas mães?

 

Olá, meninas!

Temos mais um post da nossa colunista de NY, a Gabrielle Oliveira, mamãe do Jack! A Gabi é doutorada em Antropologia pela universidade de Columbia, Nova York, e pesquisa há 5 anos temas sobre a maternidade e educação de crianças e adolescentes.

Hoje ela vai falar um pouco sobre a ansiedade que envolve o processo de amamentação. Confiram!

 


 

Olá!

Tenho uma amiga que está grávida de 20 semanas e me disse que não vai amamentar. Ela tem uma doença autoimune e os remédios que ela toma são perigosos para o bebê. Ela me disse que ficou triste no começo, pois sua gravidez é de alto risco e ela sempre quis amamentar.

Tenho outra amiga que só queria ter parto normal, mas acabou fazendo uma cesárea emergencial. Após o nascimento da sua filha, ela não teve muito leite e tinha mamilos invertidos o que deixava a “pegada” do bebê mais difícil ao amamentar. Ela acabou começando a complementar desde o princípio. Ela ficou extremamente deprimida e tinha vergonha de falar aos amigos que não estava amamentando.

O melhor conselho que eu recebi de uma consultora de amamentação aqui em Nova York foi: curta seu bebê primeiro, depois pense em como é melhor alimentá-lo. O jornal NY Times, blogs, revistas, celebridades, comunidades, grupos de apoio e médicos debatem constantemente o que é melhor para o bebê. Depois de virar mãe me deparei com um exército de pessoas (maioria mulheres) que não tem problema nenhum em julgar outras mulheres no que diz respeito a amamentação. Me considero uma mulher independente e bem informada, mas me rendi muitas vezes a esses julgamentos externos da sociedade e de amigos próximos. De repente, me pareceu que ao contar histórias de experiências muitas vezes traumáticas com amamentação, as mulheres achavam que isso era uma medalha de honra e se sentiam enaltecidas. Parecia que o sofrimento está diretamente relacionado ao prazer de poder dizer: eu amamento.

Eu não vou nem entrar nos estudos que comparam os benefícios do leite materno com fórmula. O que eu acho triste é existir esse tabu onde falar que não amamentar é crime. Esse constante policiamento: “Você teve parto normal? Você amamenta?” Como mulheres, devemos apoiar as decisões de nossas amigas, irmãs, primas e conhecidas. Cada pessoa sabe o que é melhor para sua família. O “certo” de uma é o errado de outra. O stress de uma amiga foi tão grande com a amamentação que ela desenvolveu uma depressão pós-parto violenta e teve dificuldade de curtir o bebê. Vemos celebridades que fazem parecer que amamentar é a coisa mais simples e “natural” do mundo. A verdade é que não é assim para todas as mulheres. E quanto mais pudermos falar das dificuldades e barreiras, melhor podemos nos apoiarmos nessa jornada que é a maternidade.

Meu filho tem quase 4 meses e eu só dou leite materno a ele. Depois de 2 meses iniciais muito conturbados, dois episódios de mastite e constante dor, eu finalmente encontrei o equilíbrio em como alimentá-lo. Eu coloco-o no peito de manhã e à noite, e durante o dia eu tiro o leite com a bombinha e dou na mamadeira. Essa é a única maneira do meu leite não empedrar e de eu não ter dor. Eu não parei antes porque tive muito leite e sempre precisei tirar para não empedrar. Eu fico triste quando vejo a pressão no Instagram sobre dar de mamar, parto natural etc. Se meu filho precisasse e se eu não pudesse amamentar, não teria problema algum em dar fórmula. Na verdade, eu tive que fazer isso na primeira semana, pois meu leite demorou 5 dias para descer. A minha felicidade era vê-lo saudável e crescendo. Ao invés de pessoas falando no meu ouvido “Não desista, continue”, eu ouvi da minha mãe e marido “Vamos ver o que é melhor para sua saúde mental e física”, afinal, cuidar de um bebê não é mole… Na minha opinião, o debate entre mamadeira ou peito apenas mascara o debate real que é o apoio que mães precisam durante a maternidade. Aqui nos Estados Unidos 85% das mulheres dizem que querem amamentar até os 3 meses, mas só 32% conseguem chegar a essa meta. Poder colocar o bebê no peito por 3, 4, 5, 6 meses, 8-12 vezes por dia é um luxo. Muitas mulheres têm que ir trabalhar após 6 semanas e só conseguem amamentar de manhã. Dependendo do trabalho é difícil tirar o leite e não existe muito apoio às mães que retornam ao trabalho.

Ao invés de pregarmos o que “deve” ser feito e dizer para as mulheres que elas “devem fazer a escolha certa”, devemos abrir o debate e incorporar estratégias de apoio às mães que querem amamentar ou que querem complementar. O importante é: Mãe feliz quer dizer bebê feliz.

Xoxo

Gabi

 

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Conteúdo exclusivo do site Just Real Moms. 
Categoria: Gravidez, maternidade, blog de mãe, blog para mãe, dicas de mãe, dicas para grávidas, dicas de maternidade.

 

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11 COMENTÁRIOS

  1. É engraçado!
    Antes de engravidar nunca imaginei que pudesse existir nesse “mundo de gravida” tantos julgamentos!
    São cobranças sem fim, pessoas controlando seu peso, grávidas comparando o desenvolvimento de seus filhos semana por semana, julgamentos a respeito do que você come, bebe, o jeito que você dorme, se veste, respira…
    Isso sem contar a escolha do parto!!! Quantas vezes me peguei tento que explicar porque escolhi cesárea (opção e recomendação médica)e recebi como resposta sermões sobre como parto normal é melhor pra mim, pro bebê etc e etc!
    E agora a amamentação, antes mesmo do bebê nascer as pessoas já tem a mania de perguntar: quanto tempo você pretende amamentar? Como se a gente soubesse né!? Afinal, nem sempre querer é poder e as pessoas precisam entender isso!!!
    Acho que a gravidez virou uma competição entre mulheres, as que aguentaram mais tempo a dor do parto, as que não tomaram anestesia, as que amamentaram por mais tempo e no fim acabam esquecendo que a principal estrela dessa história é o filho, é ele vir com saúde ao mundo, independente da forma como chegou nele é como vai se alimentar nos primeiros meses de sua vida!

    • Oi Maria Clara,
      Concordo com você,esse mundo materno pode ser muito cruel mesmo e infelizmente hoje em dia é cercado por julgamentos sim. Eu acredito que essas mulheres devem ter alguma frustação e escolhem o campo maternidade para se autoafirmarem.Eu escolhi nao deixarem entrar na minha vida, então ja barro qualquer insinuação de mães xiitas que estão soltas por aí dispostas a julgarem e agredirem as outras mulher, com a frase classica: Não pedi sua opnião. Só assim as abelhudas se tocam.
      Cada um tem uma realidade, uma expectativa, uma situação de vida e TODAS tem direito de fazer escolhas sim, sem ninguem meter o dedo onde não é chamada.
      Não dou explicação das minhas escolhas como mãe.

  2. Acho que toda mulher é capaz sim de produzir leite, e deve. Um dos meus filhos nasceu de 29 semanas. Sofri, chorei, passei por situações de stress que faziam com que por dias eu conseguisse tirar 10/15ml por mamada… E depois, com o tempo aumentei consideracelmente a produção! Sim, era muito mais facil desistir, pois era desgastante e dolorido tirar leite de tres em tres horas, armazenar, levar para doar o excedente! Mas meu filho precisava e essa era minha missão!

  3. Na primeira gestação tive uma mastite, q se complicou e tive um abcesso, parei de amamentar minha filha aos 2 meses e quase perdi uma das mamas,e ainda ouvi do médico q se tivesse outro bebê aconteceria a mesma coisa.
    Agora, sete anos depois, dei a luz ao meu anjinho, e como disse o médico, tive muitos problemas, mas perseverei pois além da disponibilidade , havia muita vontade de minha parte em querer amamentar,já q não consegui da primeira vez.
    Meus canais entompem, como se o leite formasse uma “nata”,nao consegue sair e inflama,e para o leite sair, tenho q usar uma agulha de insulina pra desentopi-los. Quando soube minha médica quase infartou, mas já passei da fase da dor aguda, agora estamos bem.
    Só acho q sinceramente, há muito que ser trabalhado em relação á amamentação com as gestantes. Deveriam haver palestras e reuniões, para desmistificar essa imagem poética que a TV passa. Tanto na rede pública, quanto na particular não existem pessoas preparadas especificamente para isso, mas deveria, pq 90% de nós tem essa dificuldade. Amamentar é difícil sim, mas com o conhecimento certo é possível

  4. Olá, amigas! Dessa vez, sou obrigada a discordar, em parte. Eu acredito que a amamentação é um dos “ônus” de se tornar mãe. É difícil, é complicada, mas é necessária. Assim como o parto normal. Não aceito a tese “a escolha é da mãe”, porque estamos falando de bebês, que não tem voz para escolher. A escolha da mulher é SER ou NÃO SER mãe. Essa escolha deve ser informada e responsável. Diante dos milhares de estudos quanto aos benefícios do aleitamento materno e do parto normal, acredito que toda mulher que escolhe SER MÃE aceitou os dois desafios. Acredito em alternativas, diante da impossibilidade, nisso sim. Mas a escolha já foi feita. No momento em que a mulher decide SER MÃE.

    • Olá, discordo do seu ponto de vista Lilian, acho que não devemos comparar parto normal ou cesária com amamentar, são situações bem diferentes. Onde a primeira tem de se levar em conta a integridade da mãe e do bebê, já a amamentação tem que levar em conta as condições financeiras, disponibilidade e também saúde da mãe e bebe. Não podemos discriminar as escolhas das mães e profissionais da saúde nos dois casos. Pois nunca saberemos dos reais motivos. Concordo que tem mães que fazem escolhas por comodidade. Mas também por necessidade. Eu fiz parto normal e amamento até hoje meu bebê que hoje está com 1 ano e 10 meses. Deixei de lado minha vida profissional para poder amamentar os 6 meses com exclusividade. Mas foi uma escolha dentro das minhas condições. Mesmo assim não condeno. Cada mãe é mãe da maneira que achar melhor para ela e o bebê. Infelizmente a legislação brasileira não é amiga das mamães.

  5. O blog de vocês é muito bom, mas, às vezes, trata mais de unreal moms que real moms. Este post da amamentação é um dos poucos que trata do assunto para toda e qualquer mulher da pobre à rica e sai do âmbito dessa coisa louca que virou a maternidade. Gostei muito do que Gabrielle escreveu, pois quebra este excesso de romantismo com a maternidade. Particularmente acho muito chato esse assunto da maternidade quando as mulheres falam e vivem só para isso. Há vida além da maternidade.

    • Curti de mais! tenho dois filhos e me deparei com essas dificuldades e opiniões que não se encaixam pra toda pessoa muito bom falou tudo!AMAMENTAR É UM ATO DE AMOR MAS O BEM ESTAR DO BEBE E DA MÃE EM CADA SITUAÇÃO TEM QUE SER ANALISADO .NO MEU CASO TENTEIDESGASTANTEMETENTE até ver que a melhor escolha pra meus filhos foi complementar com formula eu não gerava leite que superasse 30 ml foi muito sofrimento pra ambus e eu desiludida hora com a produção pouca do leite hora com a pressão “Você não amamenta?”

  6. Nossa, vc é das minhas, tbm acho sacanagem as diversas pressões que mulheres e mamaes sofrem por qualquer decisão que tomam, que bom que vc conseguiu dar um jeitinho, pra mim amamentar foi complicado no começo da minha 1 filha, chegava a sangrar e doía muito empedrou e foi um caos, meu marido que me salvou… foi na farmácia e pegou tudo o que tinha a respeito para vermos se alguma coisa ajudava, e conseguimos resolver, eu comecei a usar aqueles protetores de silicone, e pra mim foi ótimo acho que a fome dela era tanta que ela não se importava com nada desde o leite saísse, usei conchas e afins… aquelas bombinhas que depois eu via nas propagandas as mulheres sorrindo tirando leite e eu fazia isso no chuveiro pra aliviar… tbm descobri que ficar limpando o tempo todo, e lavando e passando isso e aquilo me machucavam ainda mais e decidi pra mim que a saliva dela e o proprio leite iria fazer o meu cuidado natural, eu limpava antes de amamentar e não depois… e antes disso eu fazia antes e depois… nas duas seguintes senti uma sensibilidade grande e dolorido na primeira semana depois passou. mas eu tive sorte, e uma aula de aleitamento maravilhosa, eu não lembro no nome dela mas ela foi um anjo enviado por outro anjo… me ensinou a me preparar e nao me assustar que na hora eu saberia o que fazer, e isso é importante pra qualquer mae, apoio e conhecimento, só quem sabe do seu bebe é a propria mamae, ninguem sabe mais do que nós mesmas a respeito dos nossos filhos, podemos não saber de medicina, mas reconhecemos os sintomas de uma febre antes dela aparecer… e precisamos nos dar esse poder… quando uma mulher se torna mae ela vislumbra uma capacidade desconhecida e é por isso que precisamos de pessoas que nos respeitem a nossa volta, pra podermos tomar decisões acertadas… eu que engravidei 3 vezes sem querer tomando pilula e usando preservativos… e ainda ouso “se cuide agora” eu já largo que estamos programando mais 2 meninas que queremos 5 filhos… a pessoa surta né!!!

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