quinta-feira, 23 outubro, 2025

Um abraço para quem enfrenta o Luto Materno

Por mais que a maternidade não seja fácil, mais difícil ainda é despedir-se de um filho, seja o tempo que for que ele existiu. Então, este texto é abraço para quem enfrenta o Luto Materno.

Luto Materno Um abraço para quem enfrenta Gestar Just Real Moms

Oi Mamães e Papais, o texto hoje foi feito com muito carinho para quem enfrenta o Luto Materno.

E ainda, se você conhece alguém que está passando por esse momento super delicado, vale também compartilhá-lo.

Este assunto ainda é visto como tabu. Temos medo de não saber o que falar para uma amiga que esteja passando por isso, né?

Mas, entendendo que não existe ex-mãe e que sim, essa mulher pode querer tentar novamente, isso nunca vai mudar o fato de que ela já te tornou mãe e que essa perda deve ser respeitada e ela, acolhida.

Certamente, esse texto será o abraço que esta mamãe está precisando.

Confiram abaixo!


Duas linhas paralelas, mudam a vida de uma mulher, naquele momento em que você olha e não acredita, olha de novo, não acredita, olha mais uma vez.

A mulher muda completamente, pela simplicidade de ver duas linhas paralelas, tudo dentro e fora deixa de ser como sempre foi. Nesse momento a gente muda por inteiro, repensa atitudes, reprograma objetivos.

A gente se transforma em uma poça de medos, ansiedades e inseguranças, a gente vive de forma mais tangível, tudo parece um pouco mais palpável, mais intenso.

Ao mesmo tempo viramos uma rocha de força e determinação, é engraçado como a fragilidade e a vulnerabilidade ao mesmo tempo que nos deixam expostas, nos fazem mais fortes.

Tudo muda de foco, a nossa percepção já não é mais a mesma sobre os mesmos assuntos, aquela mulher além de ser mulher, agora é mãe.

É mãe desde o positivo, é mãe porque seu corpo vira lar, por nove meses, ou às vezes não. Muitas das vezes aquela história toda que programamos ao receber um teste positivo de gravidez, não sai conforme nossos planos.

Mas nada que aconteça faz com que essa mulher deixe de ser mãe, não existe ex mãe!

A história não acontecer conforme o esperado, não faz com que seja errada. Cada história é sua própria verdade, apesar dos pesares e dos sofrimentos que vem atrelados a ela.

Nenhuma história é só feliz, assim como nenhuma história só tem tristezas, ambas são emoções que estão presentes em vários momentos da nossa vida, muitas vezes até juntas.

Dói a tristeza de lembrar do sorriso do filho que se foi, ou rimos de saudade da dor que sentimos.

Definir o que é a maternidade não é um trabalho simples. Existem muitas formas de ver e vivenciar a maternidade.

A definição mais difícil talvez seja daquela mulher que é mãe sem filhos, pois seja em qualquer fase da gestação ou após, quando se perde um filho, a mulher não deixa de ser mãe. Ela continua sendo mãe, com seu filho no colo ou com ele no coração.

A dor de perder um filho, só sabe quem sente. Não dá para imaginar o que é sentir a laceração de ter arrancado um pedaço de quem a gente é.

É uma dor única e não deve nunca ser desprezada, mas sim acolhida como uma parte do luto.

Cada qual expressa suas dores de uma forma única e individual. Não existe única forma de passar pelo luto e não existe uma única forma de demonstrar o que sente.

Dentro da filosofia dos cuidados paliativos, que tem como objetivo principal aliviar sofrimentos, para atingir esse objetivo, precisamos identificar quais são os sofrimentos. Alguns podem ser físicos, psicológicos, sociais ou espirituais.

E ainda, temos um conceito que se chama Dor Total, onde existem sofrimentos dentro dos quatro aspectos que se inter-relacionam e se intensificam.

Existem muitos sofrimentos que não podem ser extintos. Os sentimentos precisam ser vivenciados, mas eles podem ser amenizados. O sofrimento pode ser tolerável quando atuamos com o objetivo de aliviar.

A perda de um filho não dói só no psicológico. Pode doer de várias formas, incluindo a Dor Total. Por isso a atenção à mãe deve acontecer de maneira holística, para identificar o que pode ser feito para que essa dor insuportável em algum momento, torne-se tolerável.

Assim como mudamos com a gravidez, mudamos com a perda.

Ninguém é a mesma após passar por essa experiência e parte dessa mudança é a aceitação de que o luto é um processo – um processo doloroso que quando saudável não se mantém o mesmo, mas que muda conforme evolui.

A dor da alma é o sofrimento espiritual que deve ser acolhido conforme o que é sagrado para a mulher, que em muitos casos o sagrado é o próprio filho.

Dentro do processo do luto materno, faz parte questionar-se sobre o sentido da vida, já que ele não é único nem fixo, mas pelo contrário, ele é individual e mutável.

Descobrir uma gravidez, na maioria das vezes é dar um novo sentido à vida. Então, quando se perde um filho, esse sentido se perde no meio do luto. É uma fase difícil, porém comum, que no momento que está acontecendo, parece que nunca vai acabar.

Engana-se quem pensa que a culpa materna não dá suas caras. Acredito que ela vem junto com a descoberta da gravidez e faz morada.

E a culpa materna não acolhida pode ser uma causadora enorme de sofrimentos, intensificando as dores da perda, junto com as dúvidas e questionamentos que fazem parte do processo.

Além da perda do filho, dentro do luto materno, nós temos a perda da história não vivida, do que foi sonhado e idealizado e que não chega a acontecer.

A história não somos nós que escrevemos, por mais que continuemos procurando um roteiro ou tentando controlar o que nos acontece.

Algumas presenças são breves, mas nem por isso deixam de tocar nossos corações. A marca que elas deixam são eternas e fazem uma parte importante da nossa história.

Mas o que fazer ao acolher uma mãe enlutada?

Não existe receita de bolo, mas existe o acolhimento individual, através do olhar empático e das ações compassivas. É ser ombro pra chorar, é ser ouvido para ouvir os desabafos e os planos não consolidados.

É principalmente se fazer presente nas necessidades e sempre lembrar que muitas vezes o silêncio é melhor que palavras vazias ou palavras que gerem ainda mais sofrimentos. Como, por exemplo, falar em outros filhos ou em novas gestações, pois cada bebê é único e ninguém irá substituí-lo.

Esse texto é uma desculpa às várias coisas que são ditas às mães enlutadas que não ajudam ou às vezes atrapalham.

Esse texto é um abraço, para todas as mães que continuam sendo mães, que carregam nos corações e pensamentos, seus bebês que estiveram no quentinho do seu lar.

Que podem ter chegado no colo ou não, mas que hoje não estão mais aqui.

Por mais que a maternidade não seja fácil, mais difícil ainda é despedir-se de um filho, seja o tempo que for que ele existiu.

 

Se você se emocionou com este texto sobre o Luto Materno, veja ainda: “Mães Invisíveis: A Dor do Luto Materno” e “Conheça as 6 maiores culpas que as mães sentem e aprenda a lidar com cada uma delas“.


Por: Carolina Eloi – @maternarepaliar – Consultora de Amamentação | Enfermeira Paliativista, via Gestar


Crédito: Cortesia de Liza Summer

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