domingo, 7 setembro, 2025

Crianças e Divórcio: Transformando a Separação em Lição de Vida e Amor

A decisão de se divorciar é muito complexa, especialmente quando se tem filhos. Vamos explorar como navegar essa transição com o menor impacto emocional possível para os pequenos. Vamos falar de crianças e divórcio, vem comigo!

Criança e divórcio - Menina pequena com desenho de mãe e pai em um papel rasgado ao meio

Eu tenho pais separados então sempre me interessei pelo tema crianças e divórcio. No meu caso, por mais dolorido que tenha sido para meus pais – pois sei que foi e lembro de alguns momentos pontuais – meus pais conseguiram fazer de fora que não prejudicasse eu e o meu irmão.

Tínhamos na época 6 anos e 5 anos e eu, sendo um pouco mais velha, acho que tenho algumas memórias a mais.

Muitas vezes uma separação pode ser também um caminho para a tão buscada harmonia familiar.

A hesitação antes de um divórcio é comum, especialmente quando há crianças envolvidas. “Será que o divórcio vai traumatizar meus filhos?” Essa pergunta, carregada de preocupação e amor, é frequentemente ecoada nos corações dos pais.

A verdade é que a resposta não é simples e merece uma reflexão profunda quando falamos de crianças e divórcio.

Em muitas famílias, o casamento se torna uma fachada, um teatro diário onde se desempenham papéis de normalidade e felicidade. No entanto, as crianças, com sua percepção aguçada, captam as discordâncias e as máscaras que os pais usam.

Permanecer em um casamento infeliz por medo de prejudicar as crianças pode, paradoxalmente, causar mais danos. Estudos mostram que o conflito conjugal expõe as crianças a um estresse crônico, que pode afetar seu desenvolvimento emocional e social.

Então, como disse o famoso psicólogo Abraham Maslow, “O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência de si mesma.” A citação de Maslow sugere que a mudança pessoal requer uma nova compreensão e percepção sobre quem somos. Reconhecer e reavaliar nossos próprios valores, crenças e identidade é essencial para fomentar uma transformação autêntica em nossa vida. Apenas você pode decidir quando chegou a hora de agir, mudar.

A decisão de se divorciar vem carregada de incertezas: o receio de se arrepender, a angústia da solidão, a ansiedade de uma possível instabilidade financeira. Mas, acima de tudo, paira a dúvida de como os filhos serão afetados. Entretanto, há uma realidade que muitas vezes é ignorada: o efeito do relacionamento atual no psicológico das crianças.

Menina pequena com mão no coração e segurando a mão de sua mãe

Crianças são observadoras muito astutas, e mesmo sem uma palavra, elas sentem a tensão e absorvem as dinâmicas familiares.

Como Carl Jung diz, “As crianças são educadas pelo que o adulto é e não pelo que ele fala.” Se em casa prevalecem a frieza, a falta de carinho ou as disputas acirradas e palavras agressivas, as crianças estão aprendendo silenciosamente que isso é o normal em um relacionamento.

Considere os exemplos cotidianos: o pai que trai e é tolerado, a mãe que enfrenta agressões verbais e se cala, a constante guerra fria entre os pais, ou a mãe sobrecarregada e desvalorizada. Essas experiências negativas estão sendo gravadas nas mentes jovens, muitas vezes de forma mais profunda e duradoura do que as positivas.

Livros como “The Unexpected Legacy of Divorce”de Judith Wallerstein, oferecem uma perspectiva longitudinal sobre o impacto do divórcio nas crianças, revelando que muitas vezes o dano maior vem de ambientes domésticos carregados de tensão e conflito, e não da separação em si. Outro livro interessante de Wallerstein é o “Filhos do Divórcio”.

Então, o que dizer sobre a mensagem de que a infelicidade é um sacrifício necessário para manter a aparência de uma família “intacta”? É uma lição perigosa. Crianças e adolescentes podem ser resilientes e adaptáveis a novos arranjos familiares. E, paradoxalmente, podem sofrer mais em um ambiente familiar onde impera a infelicidade.

Como o aclamado autor de desenvolvimento infantil, Dr. Ross Greene, coloca em seu trabalho, “As crianças fazem bem se podem.” Quando o ambiente permite, as crianças prosperam.

Criança e divorcio - Menino triste com pai ao seu lado apoiando

Aqui, Dr. Ross Greene sugere que as crianças agem adequadamente quando têm as habilidades e o suporte necessário. Se não estão indo bem, é porque algo as impede, não por falta de vontade, mas por falta de capacidade ou recursos adequados.

É essencial priorizar nossa felicidade; isso não é um ato de egoísmo, mas de autenticidade.

Ao verem seus pais escolherem caminhos separados, mas mais felizes, as crianças aprendem a valorizar a qualidade das relações humanas sobre a permanência em situações infelizes. Como disse Friedrich Nietzsche, “Aquele que tem um porquê para viver, pode suportar quase qualquer como”.

Quando alguém possui um motivo forte ou um propósito de vida (o “porquê”), essa pessoa será capaz de enfrentar qualquer desafio ou adversidade (o “como”) para alcançar seus objetivos ou manter seus princípios.

Se a separação é o caminho escolhido, a maneira como os pais gerenciam essa transição pode ser uma poderosa lição de vida sobre respeito, estabelecimento de limites e a busca pela felicidade. Aqui, meus pais foram incríveis. Nunca ouvi um falar se quer uma palavra mal do outro, se um não deixava eu e o meu irmão fazer algo, o outro apoiava a decisão.

Quando chegava para meu pai ou minha mãe e pedia algo – que eles sabiam que eu já tinha pedido ao outro – era sempre igual: “Se a mamãe (ou papai), disse não, é não.”

Entre eles, certamente houve limites estabelecidos o que facilitou muito a dinâmica conosco.

A comunicação aberta, a garantia de amor e segurança e a certeza de que a parentalidade persiste para além da coabitação são fundamentais. Lembre-se de que as ações dos pais ensinam mais do que suas palavras.

A separação consciente e cuidadosa pode ser um passo para a cura, não só para os pais, mas também para as crianças, que precisam de modelos de resiliência e autorrespeito. Ao final, como disse o poeta Khalil Gibran, “Seus filhos não são seus filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.”

O bem-estar emocional dos filhos deve ser uma prioridade, mas isso não significa que sacrificar a própria felicidade seja o caminho. Livros como “Between Two Worlds: The Inner Lives of Children of Divorce” de Elizabeth Marquardt, discutem o dilema moral e emocional que as crianças enfrentam quando criadas em lares divididos entre a harmonia e o conflito.

Então, a honestidade emocional dos pais, a disposição para buscar ajuda profissional e a criação de um ambiente de estabilidade e segurança podem minimizar o impacto do divórcio nas crianças.

Família feliz depois de um acordo de divórcio saudável

Porém, ao considerar o fim de um casamento, é vital avaliar não apenas o que se está deixando para trás, mas também o que se está caminhando em direção a ele. Em última análise, um lar pacífico, mesmo que dividido, pode ser o solo mais fértil para o crescimento saudável e a felicidade de todos os envolvidos.

Por fim, comunique, apoie, deixe as crianças questionarem, passe segurança e sempre mostre o quanto são amados.


Texto inspirado no trabalho de Thomas Schultz-Wenk e nas minhas próprias vivências sendo filha de pais separados.

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