Adolescência, bullying e sexualidade: chegou a hora de encarar essas conversas que evitamos — mas que salvam vidas.
Oi Mamães e Papais! Chegou a hora de falarmos sobre um assunto delicado, mas urgente: como estamos cuidando emocionalmente dos nossos filhos na adolescência? Hoje vamos falar de adolescência, bullying e sexualidade.
Quem aí já assistiu a série “Adolescencia” no Netflix? Não é de hoje que temos abordado esse tema, mas agora nós – Pais e toda a Rede de Apoio – precisamos agir.
No texto de estreia da nossa colunista Mariana Ruske – Pedagoga há 12 anos e Fundadora da Senses Montessori School – você vai encontrar reflexões poderosas e dicas práticas para enfrentar temas como bullying, sexualidade e o impacto do digital na formação dos jovens.
Então, vamos juntos? Porque educar também é ter coragem!
Estamos em choque. Famílias estruturadas, pais presentes, e ainda assim, tragédias acontecem. Uma adolescência saudável exige mais do que amor: exige presença, diálogo e coragem para enfrentar os temas difíceis. Precisamos falar sobre adolescência, bullying e sexualidade.
Eu sou mãe, como vocês, desenhando e redesenhando meu barquinho todo santo dia para navegar os desafios de cada fase da maternidade. Vamos juntos, sem varrer nada para debaixo do tapete!
O Digital: Um Novo Desafio
Durante a infância, nossos pais são nossas principais referências. Conforme crescemos, essa referência migra para o meio social, o grupo de amigos. Esse processo é natural e esperado: o adolescente busca se desvincular do núcleo familiar para construir sua própria identidade.
É uma fase de intensas transformações, turbulências emocionais, hormônios em efervescência e muita curiosidade. Afinal, o que significa “ser legal” agora? O que é ser admirado e aceito?
Ser adolescente nunca foi fácil. Ser pai ou mãe de um adolescente, menos ainda. O córtex pré-frontal — a região do cérebro responsável pela capacidade de avaliar risco e tomada de decisões — só amadurece completamente por volta dos 25 anos. Ou seja, nossos adolescentes ainda estão aprendendo a fazer escolhas conscientes.
Já a amígdala, responsável por emoções intensas, é hiperativa na adolescência, o que explica a típica impulsividade e reatividade. E agora, em meio a essa fase desafiadora, temos uma nova variável: o digital. Então, o acesso facilitado a todo tipo de influência coloca nossos filhos diante de conteúdos planejados para fisgá-los e mantê-los no anzol, advindos de fontes que não estão interessadas no seu bem-estar.
A pornografia explora essa vulnerabilidade. Enquanto os pais evitam a “conversa difícil”, essa indústria investe bilhões para ensinar sobre sexo com uma visão distorcida, recheada de machismo e violência. Jovens aprendem sobre relacionamentos por um modelo irreal, sem afeto, sem respeito e sem consentimento.
E não para por aí! O mesmo algoritmo que prende no consumo fácil de pornografia alimenta discursos de ódio, racismo, misoginia e uma cultura de “nós contra eles”.
A frustração adolescente vira terreno fértil para ideias extremas. Sem um olhar atento dos pais, os jovens podem se perder em um mundo (online) onde a solução para a dor é mais violência e isolamento.
Então, como proteger os nossos filhos?
A nossa presença é a ferramenta mais poderosa para proteger nossos jovens, e a infância – a fase mais fértil para semear uma cultura familiar e escolar fortes e protetoras.
#1 Autoestima e Autoconfiança
- Crianças seguras não precisam se provar a qualquer custo e não dependem de validação externa;
- A autoconfiança vem de superar desafios, e não de elogios vazios ou superproteção;
- Uma criança que aprende a lidar com frustrações na infância se torna um adolescente menos suscetível a ser vítima ou agressor.
#2 Educação Sexual: A Informação que Chega Primeiro Ganha
- Antes dos 9 anos: ensinar respeito ao próprio corpo, o corpo do outro e limites;
- Depois: falar sobre relações reais, consentimento e expectativas saudáveis;
- Se você não ensina, a internet fará isso por você, da pior forma possível;
- Estudos da OMS mostram que uma educação sexual abrangente reduz comportamentos de risco em até 50%.
#3 O Exemplo Arrasta
- O ambiente familiar molda o adolescente;
- Como você resolve conflitos? Como demonstra afeto?
- Seu filho aprende mais com o que você faz do que com o que você diz;
- Viver dentro de casa os valores que deseja ver no mundo é uma forma silenciosa e poderosa de educação.
#4 Rede de Apoio: O Poder das Boas Influências
- Amizades saudáveis protegem;
- Conheça os amigos e suas famílias;
- Quanto maior o alinhamento de valores, mais saudável será essa “micro comunidade”;
- Se um jovem pertence a um grupo saudável, não precisa se provar ou agir de forma prejudicial para ser aceito.
Por fim, a adolescência não precisa ser um salto no escuro. Mas não podemos terceirizar essa fase para a internet ou para o acaso.
Então, o seu filho precisa de você mais do que nunca!

Sobre a Mariana Ruske
Instagram: @SensesSchool
Pedagoga há 12 anos, fundadora da Senses Montessori School e mãe de dois meninos cheios de energia. Especialista em Montessori, já foi engenheira e astrônoma, antes de se render ao fascínio pelo cérebro humano.
Palestrante e ativista, luta pela proteção das crianças contra abusos e violência, acreditando que a educação infantil é a base de uma vida saudável e uma sociedade justa. Para ela, Montessori é o segredo para criar filhos por inteiro — mesmo nos dias mais bagunçados!