domingo, 5 outubro, 2025

Luciana Soubihe, da Passalinho, dá as dicas

Luciana Soubihe é mamãe 2 filhos (e de uma cachorrinha) e é fundadora da Passalinho – uma marca que adoramos com peças feitas 100% com algodão pima orgânico para crianças de 0-4 anos!

3 fotos do instagram da marca Passalinho - focado em roupas de algodão pima para crianças - Just Real Moms

Hoje viemos compartilhar mais uma entrevista incrível com uma mãe empreendedora super talentosa: a Luciana Soubihe!

A Lu é fundadora da Passalinho, uma marca com peças feitas 100% com algodão pima orgânico para crianças de 0-4 anos!


Então, vamos começar falando da sua jornada empreendedora:

#1 Como uma Mãe Empreendedora, conte um pouco sobre seu trabalho, como começou a Passalinho, como surgiu a ideia, como foi o início dessa sua jornada com a marca?

Eu já estava fora do mercado de trabalho tinham 2 anos quando decidi empreender. Depois de uma carreira de 10 anos na indústria de bens de consumo, me mudei para Nova Iorque com meu marido e, sem conseguir trabalhar, fiz um curso de Design na Parsons.

Luciana Soubihe - Fundadora da Passalinho sentada em um cubo de madeira no seu ateliê - Just Real MomsNo final de 2019, grávida de 32 semanas, decidimos voltar para o Brasil para ter nosso primeiro filho perto da família.

Logo depois estourou a pandemia, e mesmo querendo muito voltar a trabalhar, aquele cenário de recém-mãe somado à pandemia me deu a impressão de que eu não conseguiria um emprego tão fácil, principalmente estando fora do mercado há um certo tempo.

Quando meu bebê tinha 5 meses, após uma crise horrível de dermatite atópica, eu me desfiz de boa parte do enxoval dele porque a pele sensível do meu bebê não tolerava materiais grosseiros ou de fibra sintética.

Fui então em busca de roupas de extrema qualidade e conforto para o desenvolvimento dele, que tinha pele sensível e não fiquei satisfeita com as opções que encontrei no Brasil.

Embarquei em um profundo processo de pesquisa sobre tecidos e descobri o mais nobre, macio e resistente algodão do mundo: o algodão pima! O pima uma espécie de algodão cujas fibras extra-longas produzem um tecido de altíssima qualidade e delicadeza, e que representa apenas 3% da produção mundial de algodão.

Infelizmente esse algodão não cresce no Brasil pelas características do nosso clima, então fui aprender sobre os processos de importação para o Brasil.

Após alguns meses de negociação, aprovação de tipos de malha de algodão pima e testes de cores, eu decidi importar o nosso super premium algodão pima orgânico.

Este é certificado pela GOTS – uma instituição independente que audita o processo produtivo para garantir boas práticas em relação à matéria-prima e às condições de trabalho no campo – e então passamos a trabalhar com esse algodão puro, de extrema qualidade e maciez.

Enquanto nossa encomenda estava sendo produzida, me dediquei aos demais pilares do negócio: definir o nome, desenvolver o logo, montar o site, o sistema de entregas, e mais importante de tudo: a mão-de-obra aqui no Brasil. Eu realmente queria ter costureiras brasileiras trabalhando no nosso negócio.

Tudo isso eu fazia de casa mesmo, nos intervalos entre cuidar do meu bebê, dormir e comer.

Após 5 meses do início das pesquisas, nosso tecido chegou no Brasil e me lembro de sentir o coração acelerar quando fui receber a mercadoria.

Era o começo de um sonho que ainda não tinha forma e nem voz, mas que já estava me trazendo uma sensação de propósito. Aos poucos, com a grade desenhada e as pilotos aprovadas, fomos produzindo nossas primeiras peças e finalmente, em maio de 2021, lançamos nossa primeira coleção no site.

 

#2 Quais os principais desafios na hora de começar a empreender? E desafios na hora de conciliar com a maternidade (o que já enfrentou no mercado, citar alguma situação, etc).

Pra mim, o principal desafio na hora de começar a empreender foi emocional. Tive vários medos: de perder dinheiro, de nada dar certo, do tecido chegar ruim, da produção dar errado, das clientes não gostarem.

O início foi de bastante insegurança, principalmente porque eu estava sozinha: não tive sócios, não tive investidores e não tive ninguém trabalhando comigo.

Estávamos todos isolados fisicamente nas nossas casas, sem poder encontrar nossos amigos e familiares, então eu nem pude conversar direito sobre a ideia da Passalinho com as minhas amigas.

Além disso, eu nem podia validar a minha ideia antes de lançar porque financeiramente não dava para importar só um pouco de tecido e produzir meia dúzia de roupinhas.

Precisei importar um volume imenso de matéria-prima, e foi quando fiz meu 1º pagamento em dólar que pensei: “Agora tem que dar certo. Tenho que fazer dar certo, não tenho outra opção”.

Além disso, quando você é pequeno – ou quando nem existe ainda – alguns custos são muito altos porque você não tem prestígio, credibilidade ou poder de barganha para negociar.

Lembro de ter tamanha dificuldade para encontrar um fornecedor de embalagens que vendesse em pouca quantidade a um preço razoável que pensei em desistir. Eu também não tinha crédito para nada porque meu CNPJ era novo, então todos os pagamentos precisavam ser à vista.

É bem difícil empreender no Brasil por uma série de questões, então achar parceiros e fornecedores que acreditem na sua ideia e que possam te ajudar de alguma forma no início faz bastante diferença.

A conciliação com a maternidade, do meu ponto de vista, depende bastante da sua rede de apoio e do equilíbrio que você quer e pode ter na sua vida.

Eu lancei a Passalinho em Maio de 2021, quando o Felipe tinha pouco mais de 1 aninho e o Gabriel estava para nascer. Lembro que quando o Gabi nasceu, fiquei só 2 dias na maternidade, então a Passalinho ficou de “recesso” por apenas 48 horas.

Por algum tempo, com o Gabriel recém-nascido e o Felipe ainda bem pequeno, eu mal conseguia trabalhar durante o dia. Por isso, colocava os dois para dormir à noite e voltava ao trabalho, por volta das 20hs, para embalar os pedidos do dia.

Ficava de olho na babá eletrônica enquanto dobrava caixas e roupinhas.

Meu marido passava a fita de lacre nas embalagens para terminarmos logo e podermos jantar. Era corrido, cansativo e delicioso ao mesmo tempo, mas durou pouco tempo porque a exaustão chegou.

Com o volume de vendas crescendo, eu parava de trabalhar após meia noite todos os dias e ainda tinha que amamentar um bebê na madrugada. Precisei buscar alguém para me ajudar na loja, e foi quando uma amiga entrou na operação do negócio para me dar um gás.

Juntas decidimos tirar a Passalinho da minha casa (leia-se: mover todo o estoque de roupas, embalagens e a operação em si de lugar) e encontramos nosso primeiro escritório em Maio de 2022, quando a marca completou 1 ano de vida.

Estranhamente foi saindo para trabalhar fora de casa que eu encontrei um equilíbrio melhor entre a minha vida profissional e pessoal.

Não ter o estoque sempre comigo me impossibilitava de trabalhar de madrugada, ao passo que ter um escritório me permitiu ter ajuda, espaço. E, principalmente, silêncio para focar no trabalho e consequentemente me fez economizar tempo porque passei a ser extremamente eficiente.

3 fotos do instagram da marca Passalinho - bebê no berço, conjunto e naninhas - focado em roupas de algodão pima para crianças - Just Real Moms

#3 Quais conselhos você daria para uma mamãe que sonha em começar seu próprio negócio?

Não sei se é meu lugar dar conselho sobre isso, tendo em vista que também sou muito nova no mundo do empreendedorismo. Mas, posso dividir algo da minha experiência com a Passalinho.

Se o que te impede de começar é insegurança, às vezes a gente só precisa dar um primeiro passo bem definitivo para encontrar a coragem de ter que fazer o negócio andar e dar certo.

Foi comprometendo a maior parte do investimento que eu tinha disponível com a matéria-prima que eu tive o gás de ir atrás de todas as outras coisas necessárias para a empresa sair do papel.

O caminho mais fácil é sempre o de ficar aonde você está, e eu não vou ser irresponsável de dizer “jogue tudo pro alto e vá ser feliz”.

O empreendedorismo não é para todas as pessoas e também não cabe em qualquer momento da vida. Mas, se você já tem uma idéia, um plano de negócio e um pouco de investimento, então só falta a coragem de dar o primeiro passo para buscar o resto.

 

#4 Qual a sua maior fonte de inspiração e exemplo?

De inspiração, com certeza, meus filhos. Tudo que crio é pensando no que eles gostam de usar, como se sentem mais livres e confortáveis, como gostam de estar.

A infância, para mim, é sagrada. Por isso procuro sempre criar peças que tenham sentido para as crianças: que não incomodem, que não apertem ou piniquem, que sejam confortáveis, hipoalergênicas e, além de tudo, charmosas.

Meu exemplo, no entanto, foi minha mãe.

Eu acho que todo mundo que foi muito amado pela mãe vai dizer o mesmo: tenho/tive a melhor mãe do mundo. E eu tive mesmo. Ela foi uma mulher de extrema sabedoria, que tinha uma necessidade enorme de amar, era verdadeiramente boa de coração.

Ao longo da vida dela, que foi breve aos meus olhos, as pessoas sempre me diziam o quanto eu tinha sorte de ter como mãe uma mulher forte, inspiradora e que tocava a vida das pessoas da maneira tão profunda.

Eu penso na minha mãe absolutamente todos os dias, e tudo que mais quero é que meus filhos sintam por mim isso que eu sinto por ela.


Agora vamos falar da sua jornada como mamãe!

#1 Cite 3 mães que te inspiram! Porquê?

Minha sogra. Ela se dedicou a vida toda à criação dos filhos, formou uma família unida, com valores fortes e muito companheirismo. Hoje, ela se dedica tanto aos meus filhos que só posso amá-la! Tive muita sorte.

Audrey Hepburn sempre foi uma inspiração na minha vida, desde que era adolescente, por diversos motivos. Mais recentemente li livros e entrevistas dadas pelos filhos dela, e hoje além de admirá-la pelo trabalho artístico e humanitário que ela teve, também admiro a relação que ela construiu com os filhos.

Luciana Tranchesi, que foi mãe muito jovem, mas tem bastante sabedoria para compartilhar em relação à criação do filho dela. Gosto bastante das mensagens que ela divide sobre maternidade e educação.

Por fim e estourando minha cota de 3 mães, tenho amigas que são mães maravilhosas, inspiradoras e que fazem parte da minha rede de apoio sem as quais meu maternar seria muito mais difícil. Por elas, tenho muita admiração e amor. Elas sabem quem são, sem que eu precise listar os nomes aqui.

 

#2 O que mais a surpreendeu na maternidade?

Admitir que eu não tenho controle total sobre determinados aspectos da vida dos meus filhos. Por exemplo: eu faço o meu melhor para que eles durmam bem, mas às vezes eles simplesmente acordam na madrugada.

Ofereço uma alimentação diversa, saudável e nutritiva, e muitas vezes eles não comem. É difícil, para quem tem um perfil mais controlador como eu, admitir que nem tudo vai sair como eu quero – e mais difícil ainda lidar com a minha frustração.

 

#3 Qual o seu conselho para uma recém mãe ou grávida de primeira viagem?

Leia bastante, enquanto você tem tempo, sobre educação. Escolha a linha que faz sentido para você, e procure segui-la enquanto você constantemente se atualiza.Luciana Soubihe - Fundadora da Passalinho em pé em uma área externa - Just Real Moms

Nós passamos boa parte da nossa vida estudando e nos especializando para exercermos com maestria nossas profissões, mas quase não lemos nada a respeito da educação das crianças. Isso não tem o menor sentido.

Não há nada de “intuitivo” ou “instintivo” quando o assunto é educação.

Existe, claro, uma herança familiar daquilo que tivemos como base da educação na nossa infância, feita pelos nossos pais (que nem sempre foi correto). Mas, as gerações estão mudando e criar crianças emocionalmente saudáveis, com auto-estima, respeitosas e resilientes hoje é muito diferente de 20 anos atrás.

Educar dá trabalho, mas é a nossa maior responsabilidade. Perca menos tempo pesquisando absolutamente tudo que faz mal durante a gestação ou todos os aspectos possíveis sobre o parto, e invista mais tempo na sua formação como educadora.

 

#4 O que você jurou não fazer ao ser mãe e agora se pega fazendo?

Jurei que não daria açúcar aos meus filhos antes dos 2 anos. Falhei. Não damos mesmo no dia-a-dia, até porque não temos doces sempre em casa. Mas, sou bem mais flexível com isso do que gostaria.

 

#5 O que não tinha ideia que existia ou acontecia, até acontecer?

Acho que é importante ter a humildade de admitir que há diferentes formas de criar e educar uma criança, sem que alguma esteja errada para que a sua esteja certa.

A verdade é que somos bombardeadas por dicas, palpites e críticas o tempo todo, e muitas dessas críticas ou julgamentos são de outras mães – que estão também em busca de fazer o melhor.

Eu não fazia ideia que as mães poderiam ser tão críticas ou duras umas com as outras.

Acho importante você, como mãe, se cercar de pessoas que respeitem sua opinião e que acrescentem à sua vida de forma positiva, despidas de julgamentos ou críticas disfarçadas de dicas.


Agora, vamos para as Dicas Quentes de Mãe para Mãe:

 #1 Segredo de Família

Há momentos com os meus filhos que são sagrados para mim, como dar o banho, ler um livro a noite, colocar para dormir, pegar no berço pela manhã e dividir uma refeição do dia. Acho que esses são momentos que possibilitam a troca com olho no olho, conversas e descobertas.

 

#2 Confissão

Não é sempre delicioso ser mãe. Tem dias que o choro do bebê nos irrita mais, que as noites mal dormidas acabam com a nossa paciência, que a resistência da criança para dormir ou comer são especialmente desgastante. Mas, o sol sempre nasce no dia seguinte.

Minha dica para isso é você se nutrir com conhecimento sobre o desenvolvimento infantil para ter ferramentas que te ajudem a lidar com os obstáculos. Educadores que adoro seguir: Dani Nogueira, Leo Fraiman e Marcos Piangers.

 

#3 Dificuldade x Superação

A adaptação escolar até aqui foi uma das fases mais difíceis para um dos meus filhos e para mim também. Superamos com a orientação da psicóloga Danielle Nogueira.

 

#4 Hotel & Viagem

Adoramos ir para Comandatuba com os meninos pequenos, ficamos no Transamérica Resort. A logística com vôo fretado é muito simples, e o hotel oferece uma estrutura com absolutamente tudo que você pode precisar em uma viagem com crianças. Recomendo muito! Acho ideal ir fora de temporada para pegar o hotel um pouco mais vazio.

 

#5 Alguma ONG | Iniciativa

Lar das Crianças da CIP, Alimentando o Bem, Instituto Ayrton Senna e Gerando Falcões. Todas fazem trabalhos sérios e muito necessários.

 

#6 De Mãe para Mãe

Coloque amor em tudo que você fizer, e não será possível dar errado.


Por fim, se gostou dessa entrevista, aproveite para se inspirar com outras da: “Bianca Zanini, da Petit Pelicano” e “Camila Hamaoui Horta da Pingo”.


Crédito: Cortesia de Karim Scharf e Divulgação

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